Comprei recentemente um novo livro. "Heráldica", de Alejandro Armengol y Pereyra, é o primeiro livro de heráldica em outro idioma que eu compro. A edição de 1933 é em espanhol, no qual felizmente não tenho maiores dificuldades na leitura.
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Alerião. |
Falando em Aleriões, que são figuras heráldicas similares às águias, mas desprovidas de patas ou bico, Armengol nos traz as armas dos Montmorency, tradicional família francesa do Antigo Regime, com uma pequena história, que vou contar à minha maneira, assim como já fiz com os
Arminhos da Bretanha e com a Ordem da Liga. Desculpem lá se eu fantasiar muito.
O ano é 1214, dia 27 de Julho. Após doze anos de batalhas contra inimigos da Inglaterra, do Sacro Império e da Flandres, o Rei Felipe II da França finalmente vencera a Guerra na batalha de Bouvines. Os homens recuperavam-se dos ferimentos quando Mathieu de Montmorency chegou. Era um dos líderes mais feridos, mas mantinha-se em pé, mesmo sangrando. E ainda mais, trazia consigo doze estandartes imperiais (de Ouro, uma águia de negro) tomadas em combate.
Ao receber aqueles espólios, Felipe molhou o dedo no sangue de Mathieu e passou na cruz branca de seu escudo.
- Em recompensa pela tua bravura, quero que leve agora uma cruz de gules em vez da de prata. E adicione aos seus quatro aguilhões mais doze, em recordação das bandeiras que me trouxeste.
Segundo Armengol, as armas antigas de Montmorency eram de ouro, com uma cruz cosida de prata, cantonada de quatro aleriões. Armengol diz que o escudo é cosido de prata, e só depois que o rei pinta a cruz com o sangue de Mathieu ele passa a gules. No entanto, as armas de Montmorency mais ancestrais, de um ancestral chamado Thibaud, que viveu por volta do fim do século XI, já eram de ouro, com uma cruz de gules. Mathieu II, o personagem de nossa história, levava antes de Bouvines apenas quatro aleriões no escudo, como seu avô Mathieu I. As novas armas dos Montmorency, as quais se seguiram pelos tempos são:
De ouro, uma cruz de gules, acantonada de dezesseis aleriões de azure, postos 2 e 2.
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Armas de Montmorency. |
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