quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Como eu faço pesquisa heráldica

Recentemente eu expliquei, pela enésima vez, que brasões de família não existem, e que as armas são passadas a pessoas. Isso acontecia através das Cartas de Brasão, como por exemplo a da Baronesa de Sertório, que eu publiquei aqui anteriormente.

Munidos desta informação, algumas pessoas vieram me perguntar como eu fazia para encontrar as armas que se relatavam ao seu sobrenome, para conferir se de fato tinham direito ou não a usá-las. Após responder umas quatro vezes, decidi deixar aqui um tutorial, usando livros que eu já disponibilizei aqui no blog. Há mais livros, mais fontes, muitas delas estão em mau estado ou indisponíveis. Este é apenas um guia básico que vai permitir que você inicie a sua procura.

Um aviso. O Armorial Lusitano é dispensável.

É estranho quando você descobre que algo que você considerava essencial não é tão necessário para a sua pesquisa. Mas é isso mesmo.

Uma coisa que vocês precisam saber é: Praticamente todos os empreendimentos que vendem brasões são baseados em violação de Direito Autoral. O Armorial Lusitano não está em Domínio Público, então qualquer reprodução para fins comerciais é veementemente proibida. O que esses vendedores de imagens de brasões fazem é simplesmente copiar o texto que vem no Armorial Lusitano e desenhar o brasão com clip-arts semiprontos. O Armorial Lusitano também não fornece nenhuma prova ou indicação genealógica (ao menos não a edição que eu tenho acesso).



Em vez de idolatrar uma história falsa, e de perder tempo com o Armorial Lusitano por ora, vamos a fontes mais credíveis e o melhor, disponíveis de forma gratuita. Vamos começar procurando no "Armaria Portuguesa'' de Anselmo Brancaamp Freire, com um sobrenome aleatório: Gusmão.



Como vocês podem notar, há o brasão de um ramo de Gusmão na imagem acima. Mas vamos nos atentar o detalhe que eu marquei: C.B. em 1780 (A.H., 1563). Bem no começo do livro,nas abreviaturas, podemos ver que C.B. significa Carta de Brasão e que A.H. Significa Archivo Heraldico, mais especificamente, o Archivo Heraldico-Genealogico do Visconde de Sanches de Baena.

Sabemos então que este brasão de Gusmão aparece numa Carta de Brasão passada em 1780, e está registrado no Arquivo de Sanches de Baena sob o número 1563. Indo diretamente para este arquivo (também está no link acima), encontramos o seguinte registro.




Bom, já sabemos quem usou este brasão, e como usou. A partir daqui, pode-se começar a pesquisa genealógica, seja até o armigerado, seja a partir dele. Mas isto é assunto para outra publicação, talvez até mesmo para outro blog, afinal genealogia não é o meu forte.


De toda forma, aproveitem a dica e os livros!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Brasões de Família não existem

O título é auto-explicativo. Mas eu vou repetir, e em Caps Lock.

BRASÕES DE FAMÍLIA NÃO EXISTEM.

NÃO JOGUEM SEU DINHEIRO NO LIXO.

A comunidade internacional é unânime, e nós também precisamos ser: Armas são concedidas a pessoas, e não a famílias. O que existe é o brasão pessoal, que é passado de pais para seus filhos através de herança, como um livro, um quadro ou qualquer outra propriedade. 

Apenas através de pesquisa genealógica você pode descobrir se algum de seus ancestrais recebeu carta de brasão de algum monarca ou colégio heráldico. Caso não encontre, você não possui herança heráldica, o que é o caso da maioria das pessoas, e não te impede de criar o seu próprio brasão. 

O que você NÃO PODE é usar o brasão de alguém que não tem nenhuma ligação familiar com você. Isso é desonesto e de péssimo gosto. 

O François Velde, idealizador do Heraldica.org, cravou uma vez a seguinte máxima:

Originalmente publicado no grupo Heráldica Brasil, no Facebook.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Presentes Heráldicos


 Então. Hoje é 23 de agosto, dia dos meus anos. Faço 23 anos. Quatro deles dedicados à heráldica, esta ciência que me deu muitos amigos e muitos presentes, e muitos presentes de muitos amigos. Para marcar esta data, reuni alguns "mimos" que recebi de vários heraldistas.

Recebi do David Fernandes, que é talvez o meu artista heráldico preferido, desde Portugal, cedinho nesta manhã, um de seus belíssimos trabalhos.


É excelente que eu seja lembrado, porque é sinal que o meu trabalho como heraldista está tendo sucesso. E não é o primeiro. Recebi este bonito arminho no ano passado:
De fato, sou muito agradecido a todos os que gastam seu precioso tempo produzindo coisas para mim. Esses dois abaixo vieram do México, do Francisco Cervantes.

Estes dois vieram de um dos mais talentosos desenhistas heráldicos do Brasil, o Raphael Vibancos.



Do Lee Lumbley, heraldista americano;

E do Rolando de Yñigo, heraldista argentino;