segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Curso de Heráldica no Brasil

Recebi esse link por e-mail, vindo de um amigo designer.


É um curso que será oferecido num hotel de Campinas, neste dia 12 de novembro. Fiquei animado de início, mas logo percebi que estava financeiramente e geograficamente impossibilitado de participar. De toda forma, entrei em contato com a idealizadora, a Designer Cecília Consolo, pra saber um pouco mais sobre este curso e sobre a relação dela com a Heráldica. Infelizmente, não fui respondido até o momento dessa publicação. Se ela me responder ainda antes da realização deste curso, teremos um novo post.

Nota: Não recebi dinheiro para fazer propaganda deste curso. Se eu tivesse dinheiro, já estaria a caminho de Campinas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Como eu vejo a heráldica brasileira


Esses dias, o Leonardo Piccioni, do Registro Heráldico Brasileiro, me pediu para falar um pouco sobre como eu via a heráldica brasileira, para um trabalho de faculdade. Não sei que faculdade é essa onde você pode fazer trabalhos sobre heráldica, mas já quero fazê-la. Escrevi algumas coisas que estavam na minha mente. O texto é bem informal, então perdoem lá algum vício gramatical.

Eu acho que a heráldica de domínio do Brasil está num caminho sem volta para o buraco. Os princípios básicos de heráldica são desconhecidos até por muitos admiradores da matéria. Entre as bobagens que eu já li na internet, uma das que mais chama atenção é que o listel é a certidão de nascimento da localidade. Isso meio que expõe toda a fragilidade do sistema de símbolos que se criou aqui desde que as cidades passaram a adotar brasões para lhes representar. Criou-se toda uma nova definição de heráldica no século XX, que permite que qualquer coisa, como por exemplo, um balão, seja considerado um brasão de armas. 

E essa nova definição de heráldica acabou se espalhando para tudo quanto é lado. Heráldica de Domínio, Corporativa, Eclesiástica. Está tudo contaminado, por assim dizer. A vexilologia seguiu esse caminho, ou melhor, foi puxada para ele. Os emblemas que as pessoas consideram heráldica acabam estragando o potencial visual de bandeiras que por vezes seriam excelentes sem os tais símbolos. 

Porém, não se pode dizer que é culpa só da falta de conhecimento. A heráldica no Brasil nunca foi forte como em Portugal ou Espanha. As armas imperiais brasileiras podem ser consideradas a inquirir, com sua orla azul sobre campo verde. Mesmo na época do Império havia seus problemas. Até em Portugal havia confusões relacionadas a armoriais. 
A heráldica brasileira tem, apesar disso, um extremo potencial quando se trata de armas assumidas. Eu sou extremamente esperançoso nisso, e fico muito feliz quando um jovem, entre os 15 e os 30 anos, pede entrada no grupo de Heráldica que eu criei. Diferente dos mais velhos, que acabam seguindo à risca a mentira dos Brasões de Sobrenome, prática incitada por uma maioria de heraldistas inescrupulosos para ganhar alguns trocados, os jovens são mais interessados em ir a fundo nas pesquisas, comprovar e fazer valer seus direitos. Gente como eu, como você (Leonardo), como o Danilo Martins. Esse pessoal novo que tem potencial e com acesso a bons conteúdos, pode ir bem mais adiante. 
Eu considero importante que se conheça e se mantenha todo o conhecimento que temos disponibilizado até agora. Eu conversei com o Renato Moreira Gomes, um senhor de mais de oitenta anos que tem em seu poder praticamente toda a heráldica do Brasil. Eu tenho medo de que acervos como o dele sejam perdidos para o futuro, de que todo esse conhecimento acabe abandonado numa biblioteca qualquer, trancado a sete chaves como está trancada a coleção de trabalhos do Gustavo Barroso. Eu quero ser parte desta manutenção e desta reabilitação. 
Eu sonho com o dia que verei um curso de pós-graduação em Heráldica no Brasil, assim como há na Espanha. Acho que o Brasil só vai ter uma heráldica ao menos digna de nota quando houver um consenso entre os estudiosos, quando as intrigas pessoais pararem de ser mais importantes que o conhecimento, e isso vale desde o Eduardo de Castro me permitindo acesso ao grupo dele até a Vera Lúcia Bottrel Tostes disponibilizando os arquivos do Gustavo Barroso para consulta pública.
Não sei se vai acontecer, mas espero que aconteça. Até lá teremos que viver com a tal da nova definição de heráldica.

Publishing in English


Since I'm a brazilian, the main language of this blog is brazilian portuguese.

But recently I thought about an english version of this blog. This idea was dropped because the number of posts to be translated is big. Counting this one, there are 87 posts. It would take a lot of work to translate, re-upload content and correct broken links.

Then I brought back the translation gadget. If you're reading this post, I invite you to click the translation gadget, choose your language, then take a look around the blog. I'd like to know if you can properly understand the text, even with the glitches caused by Google Translator.

Can I count on your opinion?

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Adoção de Novas Armas


É sempre bom ver amigos adotando armas. Na noite da última segunda, enquanto trabalhava no artigo sobre o blog do David Appleton, recebi uma mensagem do Henrique Lemos, amigo de longa data, perguntando se eu não podia dar uma ajuda pra ele com as suas armas pessoais, que ele decidiu adotar recentemente.

De verde, três espadas em faixa, acompanhadas de uma orla, tudo de prata. Como timbre, um tridente de ouro. Como Lema, Nichts zu Fürchten.


Começamos então a busca por um brasonamento legal. Primeiro tentamos o estilo Bucket Shop, já que foi o único lugar onde eu achei um grifo marinho. Mas felizmente ele desistiu do grifo marinho.

Depois de alguma conversa, encontramos a solução, que estava nos meus próprios arquivos.

No começo eu não gostava muito destas armas, mas o novo timbre e o lema deram uma cara ótima ao brasão. Parabéns pelas armas novas, Henrique. Que elas possam sempre te acompanhar e testemunhar grandes feitos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Heráldica de Clip-arts


Seguindo com o assunto Heráldica Digital, que eu comecei na segunda-feira (Clique aqui para ir ao post anterior) falando sobre quem usa softwares para verdadeiramente desenhar heráldica. Mas a grande maioria das pessoas não foi treinada para desenhar, e sim para uma miríade de outras funções, físicas ou mentais. Para estes, resta, com mais ou menos esforço, usar material pré-fabricado, os chamados clip-arts.

Muita gente não gosta. Há quem considere uma ofensa. Há quem nem sequer fale no assunto. Mas eu decidi falar.
  1. Clip-art não é arte heráldica. Na faculdade de Design, a gente discutiu o conceito de arte. Entre as milhares de possíveis definições para arte, eu fiquei com a seguinte na minha cabeça: Arte é qualquer criação humana, original em seu conceito, para fins de fruição. A heráldica de Clip-arts até pode ser criada para fins de fruição, mas o fato de reaproveitar materiais acaba criando algo que não é original, tornando o processo algo artificial, repetitivo, mecânico.
  2. Clip-art é útil. Sim, pode não ser arte e muitas vezes não ser agradável aos olhos. Mas a Heráldica de clipart funciona para o fim a que se propõe. Suponhamos que você é um advogado que precisa enviar um brasão para que um artista heráldico o desenhe. Se você não for bom em brasonar, basta enviar um desenho, mesmo que feito com peças pré-fabricadas. O artista compreenderá perfeitamente o que você procura, e a informação terá sido dada com sucesso.
  3. Saber usar clip-art não faz de você um heraldista. Ser um heraldista envolve muito estudo, esforço, paciência e diria até mesmo um pouco de habilidade artística.

Dito isso, o básico da heráldica de clip-art pode ser feito usando um software simples, o Paint. Com os clip-arts certos e um pouco de paciência você pode chegar a um resultado como esse:

De prata, uma faixa de azul carregada de um navio de sua cor, entre três estrelas de seis pontas, de vermelho, duas em chefe e uma na ponta.
Há ainda a possibilidade de elaborar mais o trabalho usando material e softwares vetoriais e de edição de imagens, mas decidi não me delongar no assunto desenho desta vez, porque não é este o foco. Na página de links, na seção referências, há algumas páginas com Cliparts. Vocês podem usar à vontade, mas não se esqueça de atribuir créditos aos criadores.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Appleton



Yesterday, while updating my heraldry bookmarks, I've noticed this blog is now in the "Blogs of Interest" section of David Appleton's Heraldry Blog, one of my favourite blogs in the internet.

To express my happiness and gratitude for this, I tried a personal version of the arms of Appleton.

The apple tree is from Wikimedia Commons.

Ontem, enquanto eu atualizava meus sites favoritos de heráldica, notei que este blog foi adicionado à lista de blogs interessantes do Blog de Heráldica do David Appleton, um dos meus favoritos de todos os blogs sobre heráldica na internet.

Para expressar minha felicidade e gratidão por isso, eu tentei uma versão pessoal das armas do Appleton. 

A macieira é do Wikimedia Commons.


 Argent two chevronels Azure between three apples Gules slipped and leaved Proper.

Crest: On a wreath Argent and Azure, an apple tree fructed Proper.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Questão de estilo


Estou recomeçando devagar. Há muito o que ser feito no blog ainda. Hoje, algumas palavras sobre desenhos heráldicos, e não sobre a heráldica em si.
Atualmente, heráldica gerada e desenhada com softwares de computador tornou-se bastante popular. Há ainda quem não considere ela uma grande forma de arte, por valer de material pré-fabricado em boa parte dos casos. Desta vez não falarei deles, mas em breve terei algumas palavras sobre essas pessoas também.

Hoje vou falar de um outro grupo. Há, entre todos os criadores de arte heráldica digital, um grupo que é responsável por desenhar do zero todas as suas obras. Eu até gostaria de me considerar parte desse grupo, mas minhas criações acabam limitadas pelo fato de eu não saber desenhar figuras complexas, como animais ou objetos mais elaborados como chapéus com borlas, mantos ou torreões ardentes. Sou capaz de, com certa propriedade e em alguns minutos, desenhar umas armas básicas, suficientes para se representar um brasão. Por exemplo:

De prata, três faixas de vermelho, cantão de azul carregado de cinco lisonjas de ouro postas em cruz, a do centro carregada de um coração de púrpura.

Há entre esse grupo de heraldistas, três estilos predominantes.
O primeiro, o qual eu expus acima, apresenta a arte limpa, sem brilho, detalhes ou sombras. É heráldica na prática. Para mim, seu expoente máximo é o Xavier Garcia, do Taller de Heráldica e Vexilologia da Wikipedia em Espanhol, e do blog Dibujo Heráldico. É meu blog de heráldica preferido. Visito-o praticamente todos os dias.


O segundo estilo é bem conhecido, eu o chamo de Wikipediano, porque seu estilo de representação vem de alguns designers/heraldistas que produzem conteúdo para a Wikipédia. Os mais famosos são Sodacan (Sem nome conhecido), Heralder(Sem nome conhecido), Tom-L (Tom Lemmens) e SanglierT (Mathieu Chaine). Consiste primariamente em adicionar sombreado, volume e movimento às figuras através de contornos e alterações nos tons, deixando-os mais claros ou escuros. Fica a minha tentativa, meio sem sucesso, de imitar o estilo.

O terceiro estilo, que eu chamo de metalizado, é bem comum entre os brasões brasileiros, por ser usado em muito brasões do Atelier Heráldico do Raul Marquardt, e também pelo heraldista paraibano Eduardo Castro (Que é um purista, monarquista ferrenho, me bloqueou no facebook, mas ainda assim aqui está o link para o blog dele.) O efeito metalizado é conseguido através da sobreposição de uma textura metalizada por cima do escudo, que é ajustada para a melhor aparência. Essa textura é um mistério a parte. Eu procurei bastante para escrever este artigo e não achei de jeito nenhum. O estilo também usa um leve sombreado para dar a sensação de volume. Tentei imitar com outra textura de metal, mas não ficou bem igual.

Não podemos esquecer que a Heráldica é uma arte, e assim sendo, pode ser interpretada de infinitas maneiras, Então há muitos estilos de desenho que eu não falei. A arte heráldica digital está ganhando espaço, e embora não seja ainda uma febre entre os heraldistas mais tradicionais, agrada bastante aos mais jovens, pela praticidade. Você não pode colocar um mural de um metro de altura num cartão de cinco centímetros.

No fim, cabe a cada um de vocês escolher o estilo que agrada mais, e aproveitar a evolução da arte através da história.