quarta-feira, 29 de junho de 2016

Diálogos sobre heráldica

Nesta manhã conversei com um defensor da heráldica municipal brasileira, que julgou minhas ideias como arrogantes e disse que eu estava indo por um mau caminho. Defendi a minha opinião da forma que melhor pude, dizendo-lhe o que considero feio e de mau gosto na heráldica municipal brasileira. Foi suficiente para ser tachado de arrogante. Eu, um reles estudante na matéria, sem um curso superior sequer, dizendo que os brasões brasileiros são feios? Deve ter sido um ultraje! Selecionei minhas melhores frases:

A heráldica das localidades brasileiras é um punhado de pseudobrasões de muito mau gosto. Creio que nem sequer chegam a mil os que podem ser chamados de heráldica em sentido puro.
Que me desculpem os feios, mas beleza é fundamental. Arte é arte e gosto não se discute. Há Picasso, Dalí, Monet, e há também Romero Britto. Posso não entender nada de arte, nem mesmo saber desenhar uma linha sem uma régua, mas de heráldica eu acho que sei pelo menos um pouquinho. O suficiente para saber que ISTO:


...passa longe e bem longe de ser considerado boa heráldica. Pelo menos pela cartilha onde aprendi não é.
"Estou avaliando da perspectiva artística e tradicional, onde os escudos não possuem mais que sete cores, onde a heráldica paisagística é considerada de extremo mau-gosto, onde figuras de céu bonito são heresias, e onde ideias que fujam do padrão são incomuns e consideradas artisticamente feias."

 Olha, desculpa se ofendi, mas eu aprendi que heráldica se faz com sete cores, oito no máximo se contar a carnação. Que heráldica se faz sendo simples e claro, e não amontoando dezenas de símbolos sobre um campo florido com um céu azul e um sol brilhante com duas mãos representando união.

"A realidade da nossa história, a qual você tanto cita, criou um caminho que destoa da heráldica tradicional, a qual eu defendo veementemente."
Meu interlocutor parece considerar que a heráldica do Brasil está livre de seguir qualquer norma só por ser brasileira, e assim, considera normal essa devassidão simbológica que cria coisas como o "brasão" de Teotônio Vilela. Da forma que se apresenta não tem nenhum brasão aí.

"O listel no brasão de Paris diz "FLUTUAT NEC MERGITUR" (Flutuar, não submergir)O listel no brasão da Paraíba: "5 de agosto de 1585"Onde está a mensagem mais forte? Qual define mais o povo do local? Qual é um verdadeiro LEMA?"
Sem comentários, apenas meditem na pergunta.

Para concluir. Provavelmente eu sou arrogante sim. Sou purista e não sei nem como é que eu cheguei a um brasão que me satisfaz. Mas o que eu ataco e o que eu defendo são ideias, estilos artísticos, meios de criação. Não ofendo nem julgo ninguém. Não uso de ad hominem nem outras argumentações que denigram os meus interlocutores. Acredito que todos podem errar. Inclusive eu posso estar errado em cada uma destas afirmações. No entanto, foi essa a heráldica que eu aprendi, e é essa heráldica que eu defenderei.

terça-feira, 28 de junho de 2016

O Supremo Tribunal de Armas e Consulta Heráldica do Brasil

Há algum tempo eu falei do Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, uma iniciativa do já falecido heraldista Gustavo Barroso, que infelizmente se extinguiu após sua morte.


Nessa mesma linha, hoje vou falar do STACHB, o Supremo Tribunal de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, instituição posterior, porém, infelizmente, não sucessora da primeira, até onde me foi informado.

Atualmente, que eu tenha conhecimento, o STACHB possui dois membros. Um deles, seu presidente, é o famoso heraldista brasileiro, Alberto Fioravanti, Quem nunca ouviu falar nele é porque realmente não conhece o suficiente de heráldica. Um senhor bastante solícito, que nunca deixou de responder uma dúvida que eu lhe envie. Sobre o STACHB, já me respondeu muitas.

O outro membro é o Raul Marquardt. Espero ter acertado o nome. Ele é o dono do Atelier Heráldico, e ocupa o posto de Rei de Armas dessa organização. Nunca tive contato com ele, mas ele apresenta as armas do STACHB em seu site, e parece emitir certificações em nome dele.

Recentemente, tentei contato com eles, para me tornar afiliado ou colaborador, como fiz também com o Instituto Genealógico e Heráldico da Paraíba, enviando mensagem na página de facebook. Se alguém tiver recebido-a, gostaria de pedir a gentileza que me respondesse. Sigo esperando.

Por fim, estive trabalhando numa versão da insígnia deste instituto para aparecer nesta publicação, já que as versões que achei são todas muito pequenas. Um reflexo do estado pré-digital em que ainda vive muito da nossa heráldica.



Para além dela, vai também um desenho delas em forma de escudo, sem a legenda, que eu achei que ficaria bem interessante.

Ficou parecendo Bourbon de Espanha.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um brasão que apareceu em sonho para mim

As pessoas dizem que se você quer começar um novo hábito, o dia é a segunda. Tornar este blog algo diário é um hábito que venho tentando há três anos. Mudei de cidade, tranquei uma faculdade, voltei, estou me preparando para começar uma outra, mudei tanta coisa na minha vida, e ainda assim, não consigo tornar este blog de armoria algo diário.

A tentativa recomeça, dessa vez com umas estranhas armas que apareceram para mim em um sonho um dia desses. No sonho, eu estava visitando um bonito prédio histórico, talvez um palácio. E numa bela coluna dórica, que fazia as vezes de base para um corrimão, havia uma esfera com estas “armas” pintadas.



Um esquartelado de vermelho e azul, escudete de prata com as cinco quinas de Portugal e bordadura de ouro. O damasquinado é bonito, e também estava pintado no escudo, mas não se brasona.

Bom, se alguém que estiver lendo este blog conhecer algo similar a estas armas, sinta-se à vontade para deixar nos comentários. Realmente gostaria de ver algo do gênero.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Galeria: Armas e Bandeiras

Recentemente, fazendo meus desenhos heráldicos com vetores, criei um modelo bem legal, com referências no Livro do Armeiro-Mor e nas Crônicas de Gelo e Fogo. As pessoas gostaram e começaram a me pedir versões de suas armas. Até agora já produzi três, e vale a velha máxima para quem quiser uma também: Como eu não cobro por heráldica onde uso clipart, faço Art Trade, ou seja troco por quaisquer versões das minhas próprias armas, de rascunhos a grandes obras primas.

Em ordem de criação, as minhas pessoais, seguidas pelas de Steven Harris e Paul Lindsay. As demais serão adicionadas aqui também.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A heráldica em outras formas de representação

A heráldica segue sendo a representação por excelência. Até para quem não tem muito conhecimento sobre a matéria.

Recentemente, tem se discutido no Reino Unido a saída do país da União Europeia. Um referendo será realizado em três dias para definir se a nação sai ou não sai do bloco continental. As campanhas pró e anti-UE se usam de forte publicidade.

A posição dos partidos políticos é diversa. Enquanto o tradicional Partido Trabalhista e muitos partidos pequenos são favoráveis à continuação dos britânicos na UE, para manter a influência britânica, os empregos e os investimentos estrangeiros. O Partido Conservador decidiu-se pela neutralidade, outros partidos querem se livrar da União Europeia, de suas taxas e sua política de imigração.

A campanha Anti-UE, assim como todas as campanhas nacionalistas em todos os cantos do mundo, faz bom uso dos símbolos nacionais, de forma bem-humorada, como nessa charge do desenhista britânico Adams.


Os dois suportes das armas do Reino Unido aparecem, quebrando as correntes que os ligam à União Europeia, que aparece representada como uma bola de ferro. Num manto sobre o dorso do leão pode-se ver uma representação das armas do Reino Unido. Não está completamente correta, mas para uma caricatura, ficou muito bacana.