terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Design e Heráldica

Olá, e um feliz ano novo a todos!

Agora que concluí a escola, estou só esperando as listas das faculdades, para ver se entro em alguma delas, e minha preferência de curso é Design Gráfico. A criação de logos é um dos meus hobbies, mesmo que não tão explorado ou praticado como a Heráldica.

E o que eu trouxe hoje para o blog é meio que uma mistura entre esses meus dois passatempos. Miklós Kiss, um Designer Gráfico húngaro, criou uma interessante identidade visual minimalista para o país, a partir do Brasão da Hungria. O link com a criação completa está a seguir, clicando na imagem.


É uma coisa interessante, na minha opinião, porque gosto de Design Gráfico. E vocês, leitores, o que acham disso?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Minha boa ação diária

Imaginem os senhores, ontem à noite levei com uma chuva torrencial, e para piorar minha situação perdi um dente da frente, do aparelho ortodôntico (adolescentes...). Hoje de manhã, acordei cedo, com alguma esperança de encontrar o dito cujo, mas numa rua de pedras, é claro que não que não consegui. Voltando para casa, na mesma rua, deparo-me com o seguinte adesivo no vidro de um carro.

Mas bem, esse não é o brasão da família Dantas (D'Antas/ Antas). Esse foi criado a partir de uma descrição errada, que coincidente é a primeira imagem no Google. Os motivos de não acreditar no Google para encontrar brasões de família, já informei-os aqui anteriormente. O brasão dos Dantas é de vermelho, com 6 lisonjas de azul, perfiladas de ouro, apontadas em cruz, quatro em pala e três em faixa.


Munido da minha boa vontade, e de certo modo, de um pouco de "Vergonha Alheia", desenhei com unss lápis de cor que tinha a versão correta, e um pequeno aviso: "AO DONO DO CARRO: CONSERTE O SEU BRASÃO". Voltei lá e deixei o papelzinho no limpador de para-brisas do carro. 

Ok, o desenho não é dos melhores, mas a atitude ao menos é louvável. E espero mesmo que o proprietário do veículo arrume aquilo.

Como se não bastasse para um dia, estava voltando da tal ação, e encontrei mais esse:

Bem... lá vamos nós outra vez.



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Paletas de cores

Hoje o post não é meu, mas sim uma tradução de um excelentíssimo post do Xavier Garcia, escritor do brilhante Dibujo Heráldico, um dos meus blogs favoritos no que se refere a Heráldica, sobre uma dúvida comum que eu vejo entre os menos entendedores da ciência dos brasões.

"Qualquer sistema atual para organizar as cores, tipo Pantone, RGB, etc, é muito mais moderno do que o que havia no início da heráldica. É por isso que não há uma única tonalidade válida para representar os esmaltes. Assim como cada maestro tem o seu livro de partitura, cada um pode usar a paleta de cores que preferir."
As paletas que o Xavier Garcia usa são essas:

Nos projetos nacionais de heráldica na Wikipédia, cada idioma usa tons diferentes.

Wiki em Catalão

Wiki em Espanhol

Wiki em Francês

O governo espanhol usa esta para o desenho governamental do brasão do país:

Atualmente eu uso estas duas paletas:

No post original do Xavier há ainda mais algumas paletas, mas acredito que estas já são suficientes para que se note a diferença.

Se você olhar em armoriais, você vai ver que cada um usa suas próprias cores. Bem, ninguém pode dizer que um esmalte deve ser. Sempre se pode recomendar o uso de certas tonalidades, mas, mesmo que se pinte com outros, enquanto se distinguir cada esmalte incluído claramente, o desenho estará heraldicamente correto. Esta é uma vantagem heráldica para representar símbolos.

Também gostaria de comentar que em desenho técnico de brasões de armas, você só pode usar uma única tonalidade para cada cor. Gradientes ou outros efeitos artísticos não são permitidos. O desenho deve ser de cores planas, sem gradientes.

Sem mais, me despeço, deixando mais uma vez aqui o link do post original do Xavier Garcia, que está em http://dibujoheraldico.blogspot.com.br/2011/06/paletas-de-colores.html. Em espanhol.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Paraíba Holandesa

Eu moro na Paraíba, um dos estados brasileiros que foi dominado pelos holandeses, durante o século XVII. Estranhos pensamentos por vezes me levam a imaginar que se os holandeses não tivessem sido expulsos, waarschijnlijk zou ik het schrijven van dit artikel in het Nederlands. 

O legado deixado por João Maurício de Nassau-Siegen no nordeste brasileiro não foi meramente comercial, apenas cuidando da Companhia das Índias Ocidentais. Ele cuidava da administração da Colônia de forma inteligente, e até mesmo criou brasões para as capitanias.

Em 6 de novembro, em uma carta enviada à Assembleia Holandesa, Nassau informava, dentre outras coisas, que dispunha-se a organizar brasões alusivos à paisagem e à economia local. A história completa vocês podem conferir nesse artigo da revista Leituras da História. Aqui, ficaremos apenas com a Paraíba.
Parayba (1647): Gravura baseada em desenho de Frans Post, mostra o Brasão imaginado por Nassau.

O brasão organizado por Nassau para a Paraíba é de azul, carregado de 6 pães de açúcar, dispostos 3, 2 e 1, representando o poderio paraibano na produção açucareira. Como timbre, uma coroa.

  
Minha versão ficou um tanto mais simples, tentei buscar entre as coroas da Heráldica de Domínio Holandês a que mais se aproximava da desenhada por Post, mas como a gravura feita por ele era mais artística que heráldica, satisfiz-me com a coroa que consegui montar, usando uma coroa holandesa como base.

Para concluir, apenas mais um aviso. Instalei o Livefyre no blog, assim não é necessário responder nenhuma pergunta para confirmar os comentários (acredito que nenhum dos leitores seja um robô), e dá para comentar usando o perfil do Facebook.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O conde que quase enterrou seu Bentley.

Bom, esta semana ocorreu uma coisa curiosa no Brasil, que repercutiu e muito no Facebook. O conhecido socialite brasileiro Chiquinho Scarpa postou na sua página da rede social que ia enterrar seu carro preferido, um Bentley avaliado em R$ 1 milhão, o que causou uma revolta entre os usuários do Facebook. Choveram comentários ironizando e repudiando a decisão. Para a história completa, a página dele está nesse link. No fim das contas, Scarpa estava apenas ganhando atenção para uma campanha pró-doação de órgãos.

Famoso, respeitado na alta sociedade brasileira e polêmico em alguns aspectos, Francisco Scarpa Filho intitula-se Conde de Scarpa. Esse título pertenceu originalmente a seu avô, o industrial Ítalo-Brasileiro Nicolau Scarpa, que foi titulado Conde da Santa Sé, em reconhecimento a doações feitas à Igreja Católica. Chiquinho Scarpa faz uso do título, que foi anteriormente ignorado por seu pai. Entretanto, até onde eu sei (e não sei muito), diz-se que títulos da Santa Sé não são hereditários. Mas como o assunto aqui é Heráldica e não validação de títulos, vamos logo ao brasão.

Eu acho a heráldica do Século 19 particularmente difícil de Brasonar, então quero comentários do pessoal mais especializado aqui. Como se brasona essa peça, que é tão extravagante quanto seu possuidor?

domingo, 8 de setembro de 2013

Um pouco de Heráldica Fictícia

Um hobby que eu acho particularmente interessante é o micronacionalismo. O micronacionalismo consiste em criar uma nação para si, totalmente fictícia. No entanto, há um aspecto no micronacionalismo tradicional do qual eu não me agrado.

Na versão brasileira da micronations.wikia.com houve, por muito tempo um texto que discriminava nações de uma pessoa só e nações virtuais. Na minha opinião, se uma pessoa tem capacidade intelectual para criar uma nação fictícia, ela é suficientemente capaz de procurar grupos de pessoas que tenham o mesmo interesse, de cada um ter sua nação, e levantar o dedo médio para esses esnobes.

Enfim, feito o meu desabafo, continuamos com o assunto de hoje, nações fictícias, a minha "criação" de hoje é para a nação fictícia que um amigo meu vem criando no Minecraft, a República de Novo Mundo. Mais sobre ela vocês podem ver clicando aqui.

O brasão é simples, criado a partir da bandeira. Não gosto de brasões feitos a partir de bandeiras, mas li um dia desses num grupo de heráldica algo como: "Nas revoluções modernas não se carregam escudos e sim bandeiras. É mais fácil pintar e carregar um pedaço de pano do que um escudo". Cortado em três: o 1º de Gules, o 2º de Argent e o terceiro de Azure. Brocante sobre o todo, duas espadas postas em sautor. Suporte uma Águia de Sable, armada e bicada de Or, lampassada de Gules. Na parte inferior, listel de Argent com a divisa "Virtus Aequitas Misertus".

sábado, 7 de setembro de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

De Vert, semeado de Flores-de-Lis de Or.


Hoje, 23 de Agosto de 2013, completo 19 anos. Para hoje, acredito que não poderia ter outro post senão o das minhas próprias armas.

De Vert, semeado de Flores-de-Lis de Or. Timbre: Um Arminho saltante de Argent, com a ponta da cauda de Sable, coroado de Or. Pendente do Escudo, Banda dos Nobres Cavaleiros da Ordem Sagrada dos Soldados Companheiros de Jacques DeMolay. Na parte inferior, um listel com o lema "BONITAS AMOR HONOR".

Estarei sempre atualizando esta postagem quando fizer ou ganhar novos desenhos de amigos e conhecidos das Comunidades Heráldicas que frequento.

Estes são desenhos feitos por brilhantes heraldistas que temos espalhados por aí:

Brasão pessoal por Rolando de Yñigo. Notem a benevolência dele ao desenhar o arminho parado. Acredito que ficar sobre apenas duas patinhas e com a coroa na cabeça deve ser cansativo para o bicharoco.

Escudo e Bandeira por Ignacio Koblischek, para o RIAG.
O Miguel Ângelo Boto fez essa, dispondo minhas armas pessoais sobre um esquartelado de Farias e Lúcio. Estas não posso garantir veracidade, infelizmente.

Essas são do Francisco Cervantes, heraldista mexicano.





Alegoria de Selos Medievais. Essas foram feitas por um conhecido heraldista do ramo dos RPGs, chamado no meio de Romain de Saint Clair. Não sei seu nome real. 

Agora, alguns dos meus desenhos próprios. Não sou lá um Grande ilustrador heráldico, mas me orgulho de estar aprendendo.


Um Ex-Libris 

 Armas em um estilo similar ao Armorial de Gelre.

Brasão pessoal, com a minha banda da Cavalaria DeMolay.

Timbre: Arminho saltante de Argent, com a ponta da cauda de Sable, coroado como Rei de Armas.

Imitação do estilo das armas no "Archivo Nobiliarchico Brasileiro", dos Barões de Vasconcelos e Smith de Vasconcelos. (Clique aqui para Baixar o PDF, é um bom livro).

Combinação baseada no desenho que o Miguel Ângelo Boto me fez.

Esse foi um dos últimos que fiz, a partir do formato do escudo de Tomás Morus, que vi aqui.


domingo, 18 de agosto de 2013

Minha cidade natal, mas não nativa.

Não nasci na cidade onde vivo, mas sempre morei aqui, desde o segundo (ou terceiro, tenho que perguntar à minha mãe). Nasci em Caicó, no Rio Grande do Norte, uma cidade que, heraldicamente, tem uma representação mais decente. É minha cidade natal, mas não nativa.

O brasão é: "De Azure, um algodoeiro de sua cor, aberto de prata. Chefe de Gules carregado de três estrelas de Argent, postas em faixa. Contrachefe de Sinople, faixa ondulada de Argent. Encimado por coroa mural de prata, de cinco torres visíveis. Sobre a torre central uma medalha oval de Azure, com uma flor-de-lis de Argent. Na parte inferior, um listel vermelho, carregado de letras brancas, formando a palavra "CAICÓ", entre as datas 1748 e 1868."

A versão de referência estava em um documento que encontrei acidentalmente durante as férias de verão neste ano, quando passei um período em Caicó, ajudando numa gráfica. Foi feita para o convite de uma cerimônia oficial da Câmara Municipal, e não está de todo ruim. Só faltou mesmo definição na coroa, tanto que foi perdida uma torre no desenho.
(Cortesia Gráfica Seridó)

Como não havia muito a corrigir, as diferenças ficam por conta apenas das peças e cores usadas na criação. Mantive o mesmo algodoeiro, pela versão acima ser utilizada pela própria cidade, e não gerar um distanciamento tão grande em relação ao desenho atualmente usado.




sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Porque procurar Brasões de Família no Google é perda de tempo

Quando eu comecei a me interessar por heráldica, fui direto ao óbvio, saber se o meu sobrenome, Lúcio, tinha um brasão. Eu tinha só 14 anos e nenhuma experiência no setor, além das visitas à lojinha dos brasões durante as férias*. Comecei minha pesquisa no "confiabilíssimo" Google Imagens, onde encontrei isto:
(Escudo da Família Lúcio. Não a minha.)

Evidentemente, sem nenhuma ligação com a minha família. O que anos depois confirmei quando consegui uma cópia do Armorial Lusitano.

LÚCIO. Família Flamenga, que passou a Portugal por Adrião Lúcio, fidalgo, que pediu a D João III lhe mandasse registrar nos livros do reino as armas que trouxe do seu país, as quais eram: De azul, uma ribeira ondada de prata, posta em banda, carregada de um Lúcio de sua cor e ladeada de dois Leões de ouro armados de vermelho, afrontados e trepantes. Timbre: Um dos leões do escudo, com o peixe na garra direita.

Os anos passaram, e lá estava eu, dias atrás, seguindo costumeiramente a minha vida comum, quando me deparo com uma atualização no grupo familiar do Facebook. Uma das líderes do grupo posta exatamente o mesmíssimo brasão, aquele dos anos 1500. Minha reação foi esta:
(Peço desculpas pelo GIF, mas a minha reação foi exatamente essa.)

E sim, eu tentei defender a ideia óbvia. Mas ela não foi bem aceita, como eu já esperava. Inventaram até desculpa pra usar um brasão que não pertence à família, o que eu achei realmente vergonhoso. Usurpar um brasão de armas, quando não há nenhuma lei que proíbe a criação de um inteiramente novo, chega a ser ridículo. E tudo isso porque esta imagem aparece com o sobrenome da família no Google Images.

É necessário esclarecer que NÃO EXISTEM brasões de sobrenomes. O que existe é o BRASÃO DE FAMÍLIA, que passa de pais para filhos. Não é porque eu tenho o sobrenome de alguém que usava esse brasão que eu vou ter direito a usá-lo. Deixe-me ver aqui um exemplo.

Eu tenho dois conhecidos chamados Cláudio e Renata. Cláudio Cruz mora em Portugal, e Renata Cruz mora na mesma cidade que eu, no Brasil. Eles tem o mesmo sobrenome, mas qual é a possibilidade real de os dois terem algum parentesco? Nenhuma. Eles não se conhecem, e provavelmente nunca se conhecerão. Se eles não possuem nenhum parentesco, não tem sentido algum usarem o mesmo brasão. Da mesma forma, a minha família Lúcio e a família Lúcio do século XVI. Mas isso é algo que a maioria das pessoas não presta atenção.

E é assim que alguns "heraldistas" inescrupulosos lucram uma boa grana, "vendendo" brasões falsos como sendo reais. Sites como este usam a Heráldica para vender quinquilharias. A não ser que você ou sua família sejam, provadamente, os legítimos descendentes de quem usou aquelas armas, você estará apenas gastando seu dinheiro com uma mentira.

Algumas outras pessoas, "mais espertas", pulam a fase dos vendedores e vão direto se apossando de algo que nem se sabe se é dela, ou de sua família. Pegam o primeiro brasão que acham no Google e fazem dele um objeto de culto, acreditando-se nobres por aquilo. Esquecem-se que a nobreza está nas atitudes. O brasão só representa isso de uma forma artística. Pessoas assim não honram o brasão que tem, muito menos o do qual se apossaram indevidamente.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Catolé do Rocha e seu excesso de representação

Há algumas semanas, pouco antes de iniciar esse blog, estava trabalhando nas armas de algumas cidades do meu estado. Andando pela Wikipedia à busca de imagens, encontrei o brasão de Catolé do Rocha, uma cidade de 28 mil habitantes, a coisa de uns 40 minutos de onde moro.


O desenho não está de tudo incorreto. As pequenas inconsistências notam-se, no entanto, na reprodução. Infelizmente nem todos os Designers Gráficos entendem de Heráldica. Deviam-dar-se ao menos ao trabalho de pesquisar um pouco quando fossem criar uma marca baseada em uma peça heráldica.

O primeiro erro, e talvez o mais evidente de todos, são as linhas riscadas na parte colorida do brasão, bem como os pontinhos nas vieiras (para o leigo, as conchas). Isso se deve à forma de representar as armas em preto e branco. Armoriais eram livros enormes, riquíssimos em detalhes pintados a mão. Com o advento da prensa de tipos móveis de Gutenberg, os textos em preto e branco saíam com mais facilidade. Mas os desenhos ainda precisavam ser feitos a mão, e era um processo trabalhoso. Para facilitar o trabalho e economizar nos custos com tinta colorida, criaram-se vários sistemas de representação da cor através de traços e pontos. O mais famoso deles data de 1630, e foi criado por Silvester Petra Sancta e Marcus Vulson de la Colombière.


Nesse sistema, a cor vermelha (Gules) é representada por listras verticais. A cor amarela (Or) é representada por um pontilhado e a cor verde (Sinople) por listras diagonais, partindo de cima para baixo, desde a direita (dextra). Na hora de converter o desenho do brasão para a arte digital, o designer reproduziu também as linhas e os pontos. Desnecessário.

Outro pequeno erro, que passa em olhos desatentos é que a aspa vermelha não toca as bordas do escudo em cima. O correto seria tocar dos quatro lados, ou não tocar em nenhum ponto.


Por fim, a coroa mural. Nunca se deu a devida atenção às coroas murais no Brasil. Esse espírito de "qualquer uma serve" é vergonhoso, para um verdadeiro admirador da heráldica. A coroa mural que há nesse brasão é de uma cor como cinza acastanhado, com 4 torres visíveis, e três delas abertas. A coroa mural que representa dignidade de cidade é de prata, com cinco torres visíveis, e todas elas fechadas (de fundo negro nas aberturas).

Feitas as alterações indicadas, a minha versão ficou assim:

domingo, 21 de julho de 2013

E a Bélgica tem um novo rei.

"L'union fait la force", A união faz a força, esse é o lema do Reino da Bélgica, país que neste domingo assiste o início de um novo reinado. Philippe assume o cargo abdicado por seu pai, o Rei Albert II, que reinou por vinte anos. É o terceiro monarca europeu a assumir funções este ano, após Willem-Alexander nos vizinhos Países Baixos e Francisco, o novo Papa, na Cidade do Vaticano.

Philippe, mais cedo, fazendo o juramento perante os parlamentares belgas. (Foto: Vincent Kessler/Reuters)

Philippe tem 53 anos e fez carreira militar. Antes de receber os títulos de comandante das Forças Armadas como Soberano, já era Vice Almirante da Marinha e Tenente-General do Exército e da Força Aérea Belga. É membro, dentre outras, das ordens de Cristo (Portugal), Avis (Portugal), Isabella a Católica (Espanha), do Tosão de Ouro (Habsburgo) e do Crisântemo (Japão). Também é o idealizador de uma fundação criada para estabelecer um maior diálogo entre as comunidades integrantes da Bélgica (Flandres e Valônia).

E como o assunto aqui é heráldica, as armas da Bélgica são: "De Sable, um Leão de Or, Armado e Lampassado de Gules". Vida Longa ao Rei Philippe!


sábado, 20 de julho de 2013

Quando as homenagens perdem o significado

Estava preparando o blog hoje mais cedo, quando vi a homenagem feita às Grandes Navegações, a Portugal e a Vasco da Gama, na camisa do CR Vasco da Gama, time de futebol do Brasil, famoso por sua torcida de origem lusitana. Numa primeira visão, ainda despreocupada, eu achei a peça interessante. Mas depois, vendo com mais detalhes no facebook da Penalty, me deparei com as seguintes imagens:

No escudo posicionado sobre o peito da camisa, o erro é infantil. Notem que a cruz, símbolo habitual, substitui as quinas de Portugal, e deixa a bordadura de castelos. Ora, a bordadura de castelos remete costumeiramente ao reinado de D. Afonso III. Afonso foi o segundo filho do Rei Afonso II. Assim sendo, Afonso não tinha direito a usar as armas plenas de seu pai, reservadas a Sancho, primeiro filho e Rei como Sancho II. Com a morte deste, Afonso chegou ao trono, e adicionou a bordadura de castelos, aludindo à D. Urraca, sua mãe, e indiretamente a Castela, reino de origem desta.
Desta forma, pode-se dizer, que este escudo homenageia Castela, e não Portugal.


Na parte interna da peça, próximo a gola, são representadas as armas dos Gama, de Vasco da Gama. As armas estão certas, "Xadrezado de ouro e vermelho com duas faixas de prata, escudete de Portugal antigo no ponto de honra." O erro, apesar de menor, é tão visível, ou até mais visível que o primeiro. Usualmente, os paquifes (Para os leigos, paquifes são as peças similares a grandes folhas, por trás do elmo) levam uma cor e um metal, para não ferir as regras fundamentais dos esmaltes. Eles misturaram os dois metais nos paquifes, enquanto o virol continuou com as combinação correta de cores.

Isso é resultado de um grande desinteresse dos designers pela Heráldica, proveniente do desconhecimento popular sobre o assunto. Enfeiaram uma coisa que tinha tudo pra ficar muito melhor, na minha modesta opinião.

Bem-vindos ao meu blog.

Eu acredito que eu não seja o que se espera de um heraldista. Aparentemente eu teria tudo para sequer saber algo sobre a nobre arte e ciência da heráldica. Sou jovem, moro num país republicano, vivo numa região carente de educação sociopolítica, onde em muitos lugares ainda impera o velho coronelismo. Vivo numa terra que não liga para a história, apenas para o dinheiro. Onde não há reis senão nos jogos de xadrez e cartas, onde não há barões que não sejam das redes ou das drogas. Moro numa cidade chamada São Bento, que tem um dos brasões mais anti-heráldicos do estado, provavelmente criado por um total desentendido no assunto.


Em contrapartida, a paróquia da minha cidade teve um pouco mais de sorte com isso. Não sou católico, não frequento a igreja católica, não acredito em muitos ensinamentos, práticas e tradições dos católicos (Minha religião é amar a Deus e fazer o bem), mas acho as armas até mesmo bonitinhas. Estou começando agora, não me peçam para brasoná-las. A imagem é do PortalNexo, a quem eu deixo aqui o meu obrigado por manterem na internet.


Não sei dizer ao certo quando comecei a me interessar por heráldica. Lembro que desde pequenino, passava os domingos na casa do meu pai, vendo bandeiras em livros e desenhando-as. O ponto onde eu passei para os brasões está perdido em algum lugar por aqui na minha memória, mas um dia prometo que vou encontrá-lo.

O nome do blog é Atelier Heráldico, mas não pretendo ficar preso apenas a mostrar as minhas criações. Quero fazer mais. Quero falar sobre os significados, sobre as cidades brasileiras e seus pseudo-brasões, traduzir artigos interessantes de outros blogs. Há muito material de qualidade em espanhol que merece ser traduzido. Quero levar a heráldica, mesmo que de forma discreta, para outros círculos da minha vida, como a escola, a família e outros amigos.

As imagens que eu uso para montar os brasões que faço (e farei) são encontradas livremente no Wikimedia Commons, com licenças Creative Commons ou de Domínio Público. Como provavelmente nem sempre eu saberei dizer ao certo que imagem eu obtive de que fonte, deixo aqui esta nota, para que se dê o devido reconhecimento a todos eles, grandes criadores de arte heráldica digital: Heralder, Sodacan, Katepanomegas e todos os demais, muito obrigado, e se eu estiver descumprindo alguma regra, basta um e-mail.

É isso, obrigado por estarem aqui, e esperem novidades.