Hoje, trago com atrasada felicidade um novo post traduzido. Dessa vez é do grande Juan José Carrión Rangel, dono das armas na bandeira acima, e também do famosíssimo (e aposentado) Blog de Heráldica, agora substituído pelo novo Crónicas Heráldicas. O post escolhido foi a proposição de Rangel para um escudo que representasse a heráldica como comunidade.
O Maestro Dom Xavi Garcia, Conde de Puig de Sabadell no Reino de Maestrazgo, cujas distintas armas são as que se seguem,
propôs um brasão para o conjunto desta ciência heráldica. Brasão esse que reproduz, sobre um partido das duas peles fundamentais, escudetes com as cores e metais.
Resultam otimamente criadas, ao compor todos os esmaltes e peles. Além disso, foram aceitas por toda a comunidade heráldica, como conjunto, e assim sendo, as acato.
Mas, lamento discordar, não me convencem. Elas Lembram efetivamente às que há poucos dias enviou-me Dom Ion Urrestarazu. Aquelas que apareciam em um armorial antigo.
Mas, porque dispor os esmaltes como símbolo de nossa ciência? Discordo, mas insisto que, se tiverem sido admitidas pelo conjunto de heraldistas, devo assumi-las.
Nossa espécie chegou ao domínio da superfície emersa do planeta através de uma série de mecanismos. O primeiro deles foi, sem dúvida, a capacidade de adaptação ao ambiente à nossa volta. Dizem os sábios que a ligação com o passado ajudou muito ao êxito da curiosidade. Curiosidade que fez com que membros de nossa espécie quisessem saber o que havia para além da linha do horizonte; porque crescia uma planta onde um ano antes haviam jogado sementes; e também socialmente, por que alguns indivíduos ostentavam privilégios que outros não possuíam.
Hoje se conhecem os mecanismos que movem os impulsos sociais. Assim, se sabe que se copiarão os modos dos que ocupam os postos que o conjunto considera mais elevado. Os privilegiados de uma sociedade, aqueles que ostentam os mais altos postos da hierarquia social e consequentemente mais endinheirados serão o espelho sob o qual o resto dos concidadãos se projetará para tentar alcançar um estilo de vida similar.
Desta forma, lhes copiarão, na medida do possível, nas formas de lazer, de se vestir, de se comunicar, etc...
Não é necessariamente negativo, este mecanismo hierárquico. Copia-se aos que ocupam os patamares mais altos e dessa forma se gera um avanço social generalizado.
Sempre foi assim. Goste-se ou não, este mecanismo de conduta existe. Proponho um exemplo: Se os que ocupam os postos mais privilegiados na atualidade começam a praticar um esporte, serão copiados por cada vez mais pessoas. Se começam a vestir uma roupa nova, o resto da nação também o fará. Se passam suas férias em determinado lugar, o conjunto de cidadãos igualmente fará planos para ir ao mesmo lugar quando for possível.
E a comunidade heráldica, da mesma forma, deve se espelhar em quem ocupa os postos de mais alcance, mais importância, mais responsabilidade em matéria de Armaria.
Quem exerce tradicionalmente o máximo escalão na hierarquia da comunidade heráldica? Os reis de armas.
Sim. Nos reinos que ainda os mantém, com certeza todos os interessados em heráldica desejam alcançar esses postos.
E o mecanismo é bom: para consegui-lo, estudarão a fundo nossa ciência, cultivarão relacionamentos, se prepararão para obter os conhecimentos necessários.
Em consequência de todo o exposto, este redator propõe que as armas da heráldica reflitam o mais alto nível hierárquico alcançável: o ofício de rei de armas.
E que figura o representa? Efetivamente, improvável leitor, a própria coroa de tão alto cargo.
Como campo do escudo, seguindo ao licenciado Dom Pedro Luis Bengoechea, presbítero, em sua obra Los Rújula, de 1926. Proporia o azul, porque segundo explicou tão sábio sacerdote: “Esta é a cor que deve constituir o único objetivo daqueles [os reis de armas]: o céu”.
Nada mais, improvável leitor. Lamento discordar do resto.
Por fim, deixo aqui o link da publicação original, para que todos prestigiem o ótimo blog do Juan:
http://cronicasheraldicas.blogspot.com.es/2014/01/las-armas-de-la-heraldica.html