domingo, 21 de julho de 2013

E a Bélgica tem um novo rei.

"L'union fait la force", A união faz a força, esse é o lema do Reino da Bélgica, país que neste domingo assiste o início de um novo reinado. Philippe assume o cargo abdicado por seu pai, o Rei Albert II, que reinou por vinte anos. É o terceiro monarca europeu a assumir funções este ano, após Willem-Alexander nos vizinhos Países Baixos e Francisco, o novo Papa, na Cidade do Vaticano.

Philippe, mais cedo, fazendo o juramento perante os parlamentares belgas. (Foto: Vincent Kessler/Reuters)

Philippe tem 53 anos e fez carreira militar. Antes de receber os títulos de comandante das Forças Armadas como Soberano, já era Vice Almirante da Marinha e Tenente-General do Exército e da Força Aérea Belga. É membro, dentre outras, das ordens de Cristo (Portugal), Avis (Portugal), Isabella a Católica (Espanha), do Tosão de Ouro (Habsburgo) e do Crisântemo (Japão). Também é o idealizador de uma fundação criada para estabelecer um maior diálogo entre as comunidades integrantes da Bélgica (Flandres e Valônia).

E como o assunto aqui é heráldica, as armas da Bélgica são: "De Sable, um Leão de Or, Armado e Lampassado de Gules". Vida Longa ao Rei Philippe!


sábado, 20 de julho de 2013

Quando as homenagens perdem o significado

Estava preparando o blog hoje mais cedo, quando vi a homenagem feita às Grandes Navegações, a Portugal e a Vasco da Gama, na camisa do CR Vasco da Gama, time de futebol do Brasil, famoso por sua torcida de origem lusitana. Numa primeira visão, ainda despreocupada, eu achei a peça interessante. Mas depois, vendo com mais detalhes no facebook da Penalty, me deparei com as seguintes imagens:

No escudo posicionado sobre o peito da camisa, o erro é infantil. Notem que a cruz, símbolo habitual, substitui as quinas de Portugal, e deixa a bordadura de castelos. Ora, a bordadura de castelos remete costumeiramente ao reinado de D. Afonso III. Afonso foi o segundo filho do Rei Afonso II. Assim sendo, Afonso não tinha direito a usar as armas plenas de seu pai, reservadas a Sancho, primeiro filho e Rei como Sancho II. Com a morte deste, Afonso chegou ao trono, e adicionou a bordadura de castelos, aludindo à D. Urraca, sua mãe, e indiretamente a Castela, reino de origem desta.
Desta forma, pode-se dizer, que este escudo homenageia Castela, e não Portugal.


Na parte interna da peça, próximo a gola, são representadas as armas dos Gama, de Vasco da Gama. As armas estão certas, "Xadrezado de ouro e vermelho com duas faixas de prata, escudete de Portugal antigo no ponto de honra." O erro, apesar de menor, é tão visível, ou até mais visível que o primeiro. Usualmente, os paquifes (Para os leigos, paquifes são as peças similares a grandes folhas, por trás do elmo) levam uma cor e um metal, para não ferir as regras fundamentais dos esmaltes. Eles misturaram os dois metais nos paquifes, enquanto o virol continuou com as combinação correta de cores.

Isso é resultado de um grande desinteresse dos designers pela Heráldica, proveniente do desconhecimento popular sobre o assunto. Enfeiaram uma coisa que tinha tudo pra ficar muito melhor, na minha modesta opinião.

Bem-vindos ao meu blog.

Eu acredito que eu não seja o que se espera de um heraldista. Aparentemente eu teria tudo para sequer saber algo sobre a nobre arte e ciência da heráldica. Sou jovem, moro num país republicano, vivo numa região carente de educação sociopolítica, onde em muitos lugares ainda impera o velho coronelismo. Vivo numa terra que não liga para a história, apenas para o dinheiro. Onde não há reis senão nos jogos de xadrez e cartas, onde não há barões que não sejam das redes ou das drogas. Moro numa cidade chamada São Bento, que tem um dos brasões mais anti-heráldicos do estado, provavelmente criado por um total desentendido no assunto.


Em contrapartida, a paróquia da minha cidade teve um pouco mais de sorte com isso. Não sou católico, não frequento a igreja católica, não acredito em muitos ensinamentos, práticas e tradições dos católicos (Minha religião é amar a Deus e fazer o bem), mas acho as armas até mesmo bonitinhas. Estou começando agora, não me peçam para brasoná-las. A imagem é do PortalNexo, a quem eu deixo aqui o meu obrigado por manterem na internet.


Não sei dizer ao certo quando comecei a me interessar por heráldica. Lembro que desde pequenino, passava os domingos na casa do meu pai, vendo bandeiras em livros e desenhando-as. O ponto onde eu passei para os brasões está perdido em algum lugar por aqui na minha memória, mas um dia prometo que vou encontrá-lo.

O nome do blog é Atelier Heráldico, mas não pretendo ficar preso apenas a mostrar as minhas criações. Quero fazer mais. Quero falar sobre os significados, sobre as cidades brasileiras e seus pseudo-brasões, traduzir artigos interessantes de outros blogs. Há muito material de qualidade em espanhol que merece ser traduzido. Quero levar a heráldica, mesmo que de forma discreta, para outros círculos da minha vida, como a escola, a família e outros amigos.

As imagens que eu uso para montar os brasões que faço (e farei) são encontradas livremente no Wikimedia Commons, com licenças Creative Commons ou de Domínio Público. Como provavelmente nem sempre eu saberei dizer ao certo que imagem eu obtive de que fonte, deixo aqui esta nota, para que se dê o devido reconhecimento a todos eles, grandes criadores de arte heráldica digital: Heralder, Sodacan, Katepanomegas e todos os demais, muito obrigado, e se eu estiver descumprindo alguma regra, basta um e-mail.

É isso, obrigado por estarem aqui, e esperem novidades.