quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Copyright em Heráldica Digital


Há muitas discussões a respeito da heráldica feita através de programas gráficos. Alguns mais puristas consideram um horror. Eu pessoalmente considero algo normal. Eu acredito que as pessoas precisam diferenciar o conteúdo em vez da forma, quando se trata disso. Porque um brasão não liga a formas artísticas. Um brasão é sempre o mesmo, independente de ter sido feito por um monge copista numa abadia francesa ou por um adolescente desenhando no caderno da escola.

O que deve ser combatida é a disseminação indevida da heráldica de clip-art. Eu, como designer e heraldista, pessoalmente não acho clip-arts tão ruins. Para mim, tudo tem a ver com dois pontos principais: Qualidade de composição e respeito pelo direito autoral. Dá para resumir em duas perguntas.

1. A sua composição está graficamente boa e cumpre as regras do desenho heráldico?
2. A sua composição credita os autores de todas as figuras que tenha usado?

Se a resposta para as suas duas perguntas foi SIM, então muito bem. Ainda que usando Clip-arts, sua composição está boa e não é uma violação de nenhum direito autoral.

Não quer dizer que você precise adicionar uma nota de copyright dentro da imagem. A maior parte dos autores nem pede isso. Basta uma nota na legenda, como na imagem abaixo.

Brasão para um jogo online.
Imagem compartilhada sob Licença Creative Commons Attribution-Share Alike 4.0 Intl.
© John Rafael, com arquivos de ©Katepanomegas, ©Heralder @Wikimedia Commons
Há muitas iniciativas para garantir o direito autoral. Não seja a pessoa na contra-mão.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A Carta de Brasão da Baronesa de Sertório


Segunda-feira, reinicia a semana e reinicia também a inglória busca pelo meu sonho de uma publicação todo dia, como o meu blog favorito, o finado Blog de Heráldica do mestre Carrión Rangel.
Armas de José Juan Carrión Rangel

Enquanto não chego nesse nível, sigo postando sempre que e o máximo que posso. Hoje, tenho um arquivo completamente novo, que encontrei na página da Biblioteca Imperial. Uma série de páginas digitalizadas que não foi disponibilizada como edição digital, e eu transformei em PDF. É possivelmente uma das últimas Cartas de Brasão do Império, e estava no Acervo Imperial, e não com o seu armigerado, então eu não tenho muita certeza se ela chegou a ser aprovada. A Carta de Brasão da Baronesa de Sertório, que data de 5 de fevereiro de 1889.

Clique para acessar e baixar a Carta de Brasão

O Barão do Sertório, João Sertório, recebeu o título de Barão com Grandeza em 11 de Julho de 1888, mas acabou morrendo nos meses seguintes. Não tenho uma data precisa, e nem os Barões Vasconcelos no seu Archivo Nobiliarchico Brasileiro parecem ter esta informação. O que se sabe é que sua viúva, Ida de Azeredo Coutinho Tiberghien Sertório, enviou uma Carta de Brasão para ser aprovada pelo Imperador. O brasão quase fica em segundo plano, diante deste achado. Sua descrição, na carta de armas, é a seguinte:

Escudo em campo de ouro uma barra de azul acompanhada de sete estrellas de prata entre dous emblemas de sua côr natural sendo um da Justiça, representada por uma moça de olhos atados, sustentando uma balança na mão esquerda e uma espada na mão direita com a ponta descançando sobre o chão; outro emblema representado por dous livros de verde sobreposto um no outro sustentando um tinteiro acompanhado de duas pennas, significando este emblema - o homem de letra - Corôa e Paquife das cores e metaes do escudo.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Regras Heráldicas: A recomendação primária



Desculpem a demora. O fim de ano foi corrido, e o começo mais ainda, com o início da nova graduação. O Heráldica Brasil segue bem ativo, sempre podem visitar lá.

Hoje, para concluir a série das seis regras heráldicas, a mais simples depois que você aprende, mas mais complicada de explicar. Tanto que há semanas eu começo, escrevo, paro, apago e reescrevo tentando explicar. Me sinto melhor para explicar essa regra como designer do que como heraldista. Vamos a ela.
6. Um brasão deve ser regular, simples e completo.

Ontem eu consegui um bom exemplo. Ou melhor, um péssimo exemplo.

Um amigo me mandou o "brasão" que um ilustre anônimo propôs num grupo de monarquistas. Eu, apesar de monarquista, parei de frequentar esses grupos justamente pelo péssimo gosto (político ou heráldico) da grossa maioria de seus membros. Mas avançando de volta para o assunto, vamos comparar a imagem que o meu amigo me mandou, com os conceitos que estamos tentando seguir aqui.

Vejam a imagem aqui. Já avisei anteriormente que é péssima.


Regularidade: Brasões, como peças de arte, como cultura material, possuem uma configuração visual básica, velha conhecida dos bons heraldistas, em nível elementar. Quem não lembra dessa imagem?
Todos os direitos reservados. Genealogias.Org.
É uma das imagens que provavelmente ensinou os princípios básicos da heráldica a todos os heraldistas da minha geração. Ela acompanha uma excelente introdução à Heráldica. Percebam a regularidade, a ordenação visual. E comparem com a imagem anterior, quanto ao uso de cores, as imagens utilizadas e o cuidado visual. O segundo brasão vence, e por muito. A diferença na unidade da composição é notável. O segundo está encaixadinho. O primeiro parece uma colcha de retalhos.

Simplicidade: Acredito que vocês, caros leitores, se não sabem, devem ter pelo menos uma vaga ideia de porque a heráldica surgiu. Se pensou em "para identificar homens de armas dentro de camadas e mais camadas de metal", acertou! A função primordial da heráldica é a identificação. Tudo bem, tenho que dar o braço a torcer que eles serão identificados como o grupo monarquista com o pseudobrasão mais estranho de todos. Mas não é a esse tipo de identificação a que me refiro.
(c) Ian Heath 1989
Completitude: Ter um brasão completo é ter um brasão onde todas as peças necessárias apareçam, sem esquecer de nada: Esmaltes, atitudes das figuras, timbre correto. Um dos maiores erros dos pseudo-heraldistas é sobrecarregar as composições, por medo de esquecer. Colocam coisas de mais, e sai, como diz o vulgo, uma papagaiada. Na imagem linkada, o autor pecou pelo excesso. De menos é muito pouco, e de mais, é demais.

E como sabemos o que é de menos e o que é de mais? Lendo. Pesquisando. Conhecendo. Nunca é demais seguir aprendendo.

Isso conclui a série de seis regras para boa heráldica. Nos próximos dias, teremos uma volta aos posts, ainda não sei se tímida ou mais incisiva. Fiquem de olho!