domingo, 19 de fevereiro de 2017

Regras Heráldicas: A recomendação primária



Desculpem a demora. O fim de ano foi corrido, e o começo mais ainda, com o início da nova graduação. O Heráldica Brasil segue bem ativo, sempre podem visitar lá.

Hoje, para concluir a série das seis regras heráldicas, a mais simples depois que você aprende, mas mais complicada de explicar. Tanto que há semanas eu começo, escrevo, paro, apago e reescrevo tentando explicar. Me sinto melhor para explicar essa regra como designer do que como heraldista. Vamos a ela.
6. Um brasão deve ser regular, simples e completo.

Ontem eu consegui um bom exemplo. Ou melhor, um péssimo exemplo.

Um amigo me mandou o "brasão" que um ilustre anônimo propôs num grupo de monarquistas. Eu, apesar de monarquista, parei de frequentar esses grupos justamente pelo péssimo gosto (político ou heráldico) da grossa maioria de seus membros. Mas avançando de volta para o assunto, vamos comparar a imagem que o meu amigo me mandou, com os conceitos que estamos tentando seguir aqui.

Vejam a imagem aqui. Já avisei anteriormente que é péssima.


Regularidade: Brasões, como peças de arte, como cultura material, possuem uma configuração visual básica, velha conhecida dos bons heraldistas, em nível elementar. Quem não lembra dessa imagem?
Todos os direitos reservados. Genealogias.Org.
É uma das imagens que provavelmente ensinou os princípios básicos da heráldica a todos os heraldistas da minha geração. Ela acompanha uma excelente introdução à Heráldica. Percebam a regularidade, a ordenação visual. E comparem com a imagem anterior, quanto ao uso de cores, as imagens utilizadas e o cuidado visual. O segundo brasão vence, e por muito. A diferença na unidade da composição é notável. O segundo está encaixadinho. O primeiro parece uma colcha de retalhos.

Simplicidade: Acredito que vocês, caros leitores, se não sabem, devem ter pelo menos uma vaga ideia de porque a heráldica surgiu. Se pensou em "para identificar homens de armas dentro de camadas e mais camadas de metal", acertou! A função primordial da heráldica é a identificação. Tudo bem, tenho que dar o braço a torcer que eles serão identificados como o grupo monarquista com o pseudobrasão mais estranho de todos. Mas não é a esse tipo de identificação a que me refiro.
(c) Ian Heath 1989
Completitude: Ter um brasão completo é ter um brasão onde todas as peças necessárias apareçam, sem esquecer de nada: Esmaltes, atitudes das figuras, timbre correto. Um dos maiores erros dos pseudo-heraldistas é sobrecarregar as composições, por medo de esquecer. Colocam coisas de mais, e sai, como diz o vulgo, uma papagaiada. Na imagem linkada, o autor pecou pelo excesso. De menos é muito pouco, e de mais, é demais.

E como sabemos o que é de menos e o que é de mais? Lendo. Pesquisando. Conhecendo. Nunca é demais seguir aprendendo.

Isso conclui a série de seis regras para boa heráldica. Nos próximos dias, teremos uma volta aos posts, ainda não sei se tímida ou mais incisiva. Fiquem de olho!

3 comentários:

  1. JOHN RAFAEL - A figura proposta para o grupo "monárquico" está muito bem feita. dentro do sistema espúrio e bastardo da "heráldica virtual", mas é uma composição absurda, feita por alguém muito pretenciozo, que por saber usar os recursos virtuais do computador, acha que já é um "rei d'armas" e doutor cum laurea em HERÁLDICA.
    Essas seis regras que ocê postou são bastante interessantes, mas dificilmente conseguirá orientar a contento os novos e modernos pseudos heraldistas, pois mesmo que redigidas com a maior simplicidade e objetividade, eles não entenderão, pode estar certo disso....!!!!!!
    A sua louvável intenção em tornar o HERÁLDICA BRASIL um grupo eminentemente técnico, direcionado ao estudo da HERÁLDICA, na parte da ordenação de Escudos de Armas e montagem de Brasões, tem todo o meu apoio. Mas é um esforço inglório. Por quê não existe um "Manual de Heráldica da Colônia e Império do Brasil"....????? Apenas temos os pioneiros ARCHIVO NOBILIARCHICO BRASILEIRO - este cheio de erros que nunca nobody teve coragem para corrigir - e o BRASÕES E BANDEIRAS DO BRASIL, muito bom, mas que parou no tempo. O HERÁLDICA do Poliano, que foi apenas um trabalho para concurso de função, o segundo passo, muito curto e tímido, para um estudo sério. O primeiro passo foi o início da obras ESTUDO DA NOBREZA DO BRASIL, do Dr. Rui Vieira da Cunha, seguido pelo vasto levantamento de Luis D. Gardel LES ARMOIRIES ECCLÉSIASTIQUES AU BRÉZIL. O caso é que a matéria era (e é) muito difícil, os livros muito raros e caros, e somente difundida nos cursos de Belas Artes. Com o surgimento da Informática e todas as suas facilidades e tramoias, ocorreu grande interesse no assunto, e consequente divulgação de conceitos equivocados, errados, absurdos, falsos, e vai por aí a fora. O que tem aparecido sobre HERÁLDICA no Brasil, nos fins do século XX e princípios do XXI, são apenas cópias de outros trabalhos, como os "nobiliários" do Sr.José Vasconcellos, o "Princípios de Heráldica" da Prof. Vera Lucia Tostes, e mais recente a tremenda salada genealógica do Sr.Christovão de Avila ARMORIAL. HISTÓRICO DA CASA DA TORRE DE GARCIA D'ÁVILA, que vale apenas pelos magníficos Brasões pintados pelo falecido Prof. Vitor Hugo Carneiro Lopes, de Salvador...!!!!!!

    Vamos ver o que as grandes sumidades heráldicas modernas no Brasil vão comentar sobre a sua pioneira iniciativa, JOHN RAFAEL. Eu tenho minha opinião e pontos de vista a respeito, e muito material estudados e pesquisado há anos sobre a HERÁLDICA BRASILIANA, semi prontos para publicação e divulgação, que terei o máximo de satisfação de ceder ao HERÁLDICA BRASIL, mas isso se a linha editorial do blog for adequada aos meus conceitos. Fico no aguardo. Cumprimentos do velho do Rio de Janeiro.

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    1. Renato,

      Me dá uma satisfação enorme receber comentários aqui no Blog. Gosto de receber "feedback" no trabalho por todos os meios possíveis. Porém, saber que no futuro, quando eu voltar aqui, nessa publicação em especial, verei o seu comentário, em anexo a essas linhas de um heraldista ainda tão verde, mas muito esforçado, me causa especial admiração, porque nesta "vita brevis" de redes sociais, onde outras opiniões somem assim que o "feed" se enche de notícias mais frescas, comentários assim valem ouro.

      Este plúmbeo blog está e estará sempre disponível para divulgar e tornar público qualquer texto, artigo, publicação e iniciativa em prol da boa heráldica, da heráldica CORRETA, de todos os que assim desejarem fazê-lo. Eu tenho sempre em mente o fato de que a boa heráldica é uma ciência de nicho, a qual se leva anos para aprender. Estou no começo do meu caminho, e há muito ainda para que eu percorra. Há muito material a ler, muitos livros a adquirir, muitos artigos a escrever... Assim sendo, todo conhecimento é precioso, e será sempre bem-vindo.

      Não tenho muita certeza se a linha editorial deste blog é adequada aos conceitos do amigo, até porque nem sei dizer se este blog segue de fato uma linha editorial definida. Os princípios aqui são os mesmos de sempre. Veracidade histórica, informação correta e desenho digital, que apesar de fugir ao que sei que o senhor considera como boa arte heráldica, é sempre trabalhada com o máximo possível de cuidado, fugindo da chamada heráldica de clip-arts. Se o senhor tiver interesse em abrilhantar esta página da web com décadas de estudo, sinta-se à vontade para entrar em contato por qualquer meio. Estou sempre à disposição.

      Melhores cumprimentos deste jovem redator.

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  2. Olá gostaria de saber o significado doa simbolos do meu sobrenome Amaro o brasão são dois castelos de ouro posto no escudo rubi.

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