sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Catolé do Rocha e seu excesso de representação

Há algumas semanas, pouco antes de iniciar esse blog, estava trabalhando nas armas de algumas cidades do meu estado. Andando pela Wikipedia à busca de imagens, encontrei o brasão de Catolé do Rocha, uma cidade de 28 mil habitantes, a coisa de uns 40 minutos de onde moro.


O desenho não está de tudo incorreto. As pequenas inconsistências notam-se, no entanto, na reprodução. Infelizmente nem todos os Designers Gráficos entendem de Heráldica. Deviam-dar-se ao menos ao trabalho de pesquisar um pouco quando fossem criar uma marca baseada em uma peça heráldica.

O primeiro erro, e talvez o mais evidente de todos, são as linhas riscadas na parte colorida do brasão, bem como os pontinhos nas vieiras (para o leigo, as conchas). Isso se deve à forma de representar as armas em preto e branco. Armoriais eram livros enormes, riquíssimos em detalhes pintados a mão. Com o advento da prensa de tipos móveis de Gutenberg, os textos em preto e branco saíam com mais facilidade. Mas os desenhos ainda precisavam ser feitos a mão, e era um processo trabalhoso. Para facilitar o trabalho e economizar nos custos com tinta colorida, criaram-se vários sistemas de representação da cor através de traços e pontos. O mais famoso deles data de 1630, e foi criado por Silvester Petra Sancta e Marcus Vulson de la Colombière.


Nesse sistema, a cor vermelha (Gules) é representada por listras verticais. A cor amarela (Or) é representada por um pontilhado e a cor verde (Sinople) por listras diagonais, partindo de cima para baixo, desde a direita (dextra). Na hora de converter o desenho do brasão para a arte digital, o designer reproduziu também as linhas e os pontos. Desnecessário.

Outro pequeno erro, que passa em olhos desatentos é que a aspa vermelha não toca as bordas do escudo em cima. O correto seria tocar dos quatro lados, ou não tocar em nenhum ponto.


Por fim, a coroa mural. Nunca se deu a devida atenção às coroas murais no Brasil. Esse espírito de "qualquer uma serve" é vergonhoso, para um verdadeiro admirador da heráldica. A coroa mural que há nesse brasão é de uma cor como cinza acastanhado, com 4 torres visíveis, e três delas abertas. A coroa mural que representa dignidade de cidade é de prata, com cinco torres visíveis, e todas elas fechadas (de fundo negro nas aberturas).

Feitas as alterações indicadas, a minha versão ficou assim:

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