segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Questão de estilo


Estou recomeçando devagar. Há muito o que ser feito no blog ainda. Hoje, algumas palavras sobre desenhos heráldicos, e não sobre a heráldica em si.
Atualmente, heráldica gerada e desenhada com softwares de computador tornou-se bastante popular. Há ainda quem não considere ela uma grande forma de arte, por valer de material pré-fabricado em boa parte dos casos. Desta vez não falarei deles, mas em breve terei algumas palavras sobre essas pessoas também.

Hoje vou falar de um outro grupo. Há, entre todos os criadores de arte heráldica digital, um grupo que é responsável por desenhar do zero todas as suas obras. Eu até gostaria de me considerar parte desse grupo, mas minhas criações acabam limitadas pelo fato de eu não saber desenhar figuras complexas, como animais ou objetos mais elaborados como chapéus com borlas, mantos ou torreões ardentes. Sou capaz de, com certa propriedade e em alguns minutos, desenhar umas armas básicas, suficientes para se representar um brasão. Por exemplo:

De prata, três faixas de vermelho, cantão de azul carregado de cinco lisonjas de ouro postas em cruz, a do centro carregada de um coração de púrpura.

Há entre esse grupo de heraldistas, três estilos predominantes.
O primeiro, o qual eu expus acima, apresenta a arte limpa, sem brilho, detalhes ou sombras. É heráldica na prática. Para mim, seu expoente máximo é o Xavier Garcia, do Taller de Heráldica e Vexilologia da Wikipedia em Espanhol, e do blog Dibujo Heráldico. É meu blog de heráldica preferido. Visito-o praticamente todos os dias.


O segundo estilo é bem conhecido, eu o chamo de Wikipediano, porque seu estilo de representação vem de alguns designers/heraldistas que produzem conteúdo para a Wikipédia. Os mais famosos são Sodacan (Sem nome conhecido), Heralder(Sem nome conhecido), Tom-L (Tom Lemmens) e SanglierT (Mathieu Chaine). Consiste primariamente em adicionar sombreado, volume e movimento às figuras através de contornos e alterações nos tons, deixando-os mais claros ou escuros. Fica a minha tentativa, meio sem sucesso, de imitar o estilo.

O terceiro estilo, que eu chamo de metalizado, é bem comum entre os brasões brasileiros, por ser usado em muito brasões do Atelier Heráldico do Raul Marquardt, e também pelo heraldista paraibano Eduardo Castro (Que é um purista, monarquista ferrenho, me bloqueou no facebook, mas ainda assim aqui está o link para o blog dele.) O efeito metalizado é conseguido através da sobreposição de uma textura metalizada por cima do escudo, que é ajustada para a melhor aparência. Essa textura é um mistério a parte. Eu procurei bastante para escrever este artigo e não achei de jeito nenhum. O estilo também usa um leve sombreado para dar a sensação de volume. Tentei imitar com outra textura de metal, mas não ficou bem igual.

Não podemos esquecer que a Heráldica é uma arte, e assim sendo, pode ser interpretada de infinitas maneiras, Então há muitos estilos de desenho que eu não falei. A arte heráldica digital está ganhando espaço, e embora não seja ainda uma febre entre os heraldistas mais tradicionais, agrada bastante aos mais jovens, pela praticidade. Você não pode colocar um mural de um metro de altura num cartão de cinco centímetros.

No fim, cabe a cada um de vocês escolher o estilo que agrada mais, e aproveitar a evolução da arte através da história.


Um comentário:

  1. Para obter o estilo à la Eduardo é simples: use gradientes radiais, diminuindo o valor (V) das extremidades. O estilo do Raul é mais sofisticado, misturando gradientes lineares (por exemplo, nos listéis), gradientes radiais e sombras feitas manualmente (como o segundo estilo que citou); eu tenho a impressão de que ele usa algo como Photoshop, para melhor manipulação da origem e do raio do gradiente, numa etapa pós-vetorização.

    Um jeito mais simples de se obter efeito metálico é usar um gradiente radial, na forma do escudo, ou com o centro transparente e as extremidades pretas semi-transparente, ou com o centro branco semi-transparente e as extremidades transparentes. O segundo expediente é usado pelo "Blazon Project" da Wikipédia.

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