segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Gentilezas Heráldicas (IV)

Mais desenhos me chegam dos meus conhecidos heraldistas da América Latina.

O Francisco Cervantes, que recentemente começou um novo blog (O link já está entre os meus favoritos, e deixo aqui meu desejo de boa sorte), me enviou duas imagens equestres das minhas armas. É um estilo de ilustração heráldica que eu gosto muito, e se fosse um bom desenhista, sem dúvida tentaria fazer eu mesmo.





Pensei em enviar algo como retribuição, então fiz uma brincadeira, ou como as lojinhas de clipart chamam, Arte Livre. Originalmente era para ser uma Carta de Brasão com um Brasão comum, mas decidi colocar uma alegoria heráldica com escudo, elmo e bandeira. Segue o desenho.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Representações pouco vistas das Armas Nacionais (Imperiais)

Para o post de hoje, decidi só juntar algumas imagens que tenho aqui, com representações mais antigas das Armas Imperiais, que geralmente passam despercebidas. Com o tempo, quando eu for encontrando mais delas, o post irá sendo atualizado e ampliado.

Armas Imperiais pintadas num baú. Instituto Ricardo Brennand, Recife. Sem data conhecida.
Armas Imperiais como desenhadas no Cabeçalho da Lei Áurea, 1888.
Armas Imperiais, desenhadas para o Archivo Nobiliarchico Brasileiro, 1918.

Armas Imperiais em destaque na Bandeira do Império do Brasil.
No canto superior esquerdo, há ainda mais uma representação,
suponho que o livro com a capa armoriada seja a constituição.

Não tenho informações sobre esta, mas parece ser
uma pedra armoriada,  pintada em algum lugar.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Xadrez na Heráldica

Esses dias, minha amiga Marina Taborelli, enxadrista, me pediu para "dar uma melhorada" no Brasão de sua Federação Estadual de Xadrez, Mato Grosso, Brasil.

Eu lembrei imediatamente da série "Hoy jugaremos con", assinada pelo Xavier Garcia, do excelente Dibujo Heráldico, e suas tentativas bem-sucedidas de heraldizar marcas e alguns "escudos" de clubes de futebol. Pensando nisso, eu ponderei: Não está tão mal assim. O desenho pode ser ruim, mas brasonamento é decente e até criativo. Esquartelado, I e IV de azul; II e III de ouro. Em chefe duas estrelas, de um no outro. Brocante sobre o todo, um cavalo de xadrez de prata.

Brasão da Federação Matogrossense de Xadrez
Há alguns brasões interessantes com o jogo de xadrez como tema. E inclusive, uma das peças do jogo é bastante vista em algumas heráldicas, como a catalã é a torre, ou em linguagem heráldica, roque. O roque heráldico tem o topo similar à metade superior de uma flor de lis, cerceada de sua pétala do meio, enquanto que sua base é similar a uma peça de xadrez comum.

Roque


Armas de Sant Mori, Catalunha.

Armas da Família Rookwood, Inglaterra.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As Armas Nacionais do Brasil através dos tempos

Dia da Independência, eu não tinha um post planejado. Não queria ser tão político postando o Brasão Imperial, principalmente quando o Movimento Monárquico Brasileiro anda por caminhos tão confusos.

Mas política a parte, e pra ocupar-me durante o dia fiz uma cronologia dos Brasões (ou ao menos dos escudos) históricos do país.

Blogger, era pra ficar pequeno assim?
Acho que é o Header novo que está muito grande...

Na sequência:

Primeiro, as armas do Estado do Brasil, como vistas no Thesouro da Nobreza, 1675; Provavelmente baseadas nas armas do Lendário Reino de Sobrarbe na Coroa de Aragão, eram armas falantes (ou parlantes como prefira), representando os primeiros nomes do País, Terra de Santa Cruz (Cruz) e Terra do Brasil (A árvore decerto representava um Pau-Brasil).

A Árvore de Sobrarbe aparece no primeiro quartel das armas históricas de Aragão.
Segundo, as armas do Reino do Brasil, 1815. Um fato curioso é que nas armas do Reino Unido, Portugal era representado pelas quinas, os Algarves pela bordadura de castelos e o Brasil pela esfera Armilar que servia de suporte. De fato, uma solução mais patriótica que dizer que a bordadura representava a ascendência castelhana do Rei que a adicionou.

Terceiro, as armas do Reino e depois do Império do Brasil Independente, de 1822.

E por fim, as armas dos Estados Unidos do Brasil, de 1889, mantidas para a República Federativa do Brasil, denominação atual.

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CORREÇÃO: Hoje (11/09), li o decreto da fundação do Reino Unido, que passo a citar:

“Dom João, por Graça de Deos, Rei do Reino Unido de Portugal, e do Brasil, e Algarves, d’aquém, e d’além mar em Africa, Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegação e Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia e da India, &c. Faço saber aos que a presente Carta de Lei virem: Que tendo sido Servido Unir os Meus Reinos de Portugal, Brasil, e Algarves, para que juntos constituissem, como effectivamente constituem hum só e mesmo Reino; he regular, e consequente o incorporar em hum só Escudo Real as Armas de todos os tres Reinos, assim; e da mesma fórma que o Senhor Rei Dom Affonso Terceiro, de Gloriosa Memoria, Unindo outróra o Reino dos Algarves ao de Portugal, Unio tambem as suas Armas respectivas: E occorrendo que para este effeito o Meu Reino do Brasil ainda não tem Armas, (grifo meu) que caracterisem a sua merecida preeminencia, a que Me Aprouve exalta-lo: Hei por bem, e Me Praz Ordenar o seguinte.
I. Que o Reino do Brasil tenha por Armas huma Esféra Armillar de Ouro em campo azul.(...)"

Assim sendo, fica corrigida a minha falha em dizer que estas eram presumidas, afinal estão claramente citadas no Decreto joanino.

Referência: Carta de Lei, pela qual Vossa Magestade Ha por bem dar Armas ao seu Reino do Brasil, e incorporar em hum só Escudo Real as Armas de Portugal, Brasil, e Algarves, para Symbolo da União, e identidade dos referidos tres Reinos, s/l, Impressão Regia, 1817.


domingo, 6 de setembro de 2015

Armas Coloniais de São Luís do Maranhão

Há alguns dias, o Ralf Hartemink, que mantém o Heraldry of the World, perguntou no grupo Heráldica Brasil, sobre algumas armas do Brasil Holandês, que foram impressas em estampas do Sabonete Eucalol. Dentre as estampas, encontrei alguns Brasões coloniais. Dentre estes, me chamou atenção o que foi atribuído para São Luís do Maranhão.

Brasão Colonial de São Luís, Estampa do Eucalol.

São Luís é uma das cidades mais antigas do Brasil. Apesar de ser parte da América Portuguesa pelo Tratado de Tordesilhas, foi fundada como Saint-Louis de Maragnan, um forte construído pelos franceses, no ano de 1612. Em 1615 os Portugueses conquistaram o forte. Em 1641, ao mesmo tempo que mantinham outras colônias no nordeste brasileiro, os holandeses conquistaram São Luís, sendo expulsos pelos ludovicenses em 1645.
As armas, concedidas em 1647, são De prata, um braço movente da sinistra, armado e sustentando uma balança, tudo de sua cor, na qual servem de pratos dois escudetes. O primeiro, mais leve, é partido de França antigo e Holanda, e próximo a ele lê-se "Vis". O segundo, mais pesado, traz as armas de Portugal; próximo a ele, lê-se "Jus", e sob ele, lê-se"Prœponderae". Por timbre uma coroa.
Este brasão significa que o Jus (Direito) Português sobre a terra pesou mais que o Vis (vigor, força) dos franceses e holandeses, e por causa disso, a cidade voltou ao poder Português duas vezes.

No processo de reproduzir estas armas, contei com dados vindos através do Brasiliana Heráldica, do Leonardo Piccioni (cliquem no link para ver a versão dele das mesmas armas).
Brasão Colonial de São Luís, segundo MEIRELES,1994; via Brasiliana Heráldica.

Note-se que a versão da estampa do Eucalol trazia "Vis", nos dois pratos da balança, enquanto que a de Meireles, traz "Jus" ao lado do brasão Português. Citando a fonte na legenda da imagem anterior:
Nas Memórias do Estado do Maranhão diz o Padre José de Morais “que pesou mais o jus, ou a justiça das armas de Portugal, que o vis ou a fôrça das de França e Holanda, com imortal desempenho do valor português, e não menor glória da valentia daqueles ilustres moradores do Maranhão”. 
Sabendo disso, optei por manter "Jus".

Outra das minhas dúvidas era se a coroa era real aberta ou mural. Não lembro de ter visto referências a coroas murais na heráldica portuguesa antes da República pelas terras de lá. Confirmei, ou ao menos baseei a minha escolha  de usar a coroa real no As cidades e villas da Monarchia Portugueza que teem brasão d'armas, onde constam diversas cidades que receberam armas ainda de D. Manuel (anos 1500), com direito a coroa real. Ainda não sou muito bom com desenhar coroas, mas gostei do resultado que obtive.

Estilisticamente falando, acompanhei o Leonardo na posição dos escudos. Enquanto que nas armas indicadas os escudos aparecem como pratos de balança, eu os deixei da forma mais natural, afinal, o que está sendo pesado são os escudos, não qualquer coisa sobre eles. Por fim, o leão no escudete franco-holandês. No Eucalol e em Meireles, o campo é azul, enquanto Piccioni usa as armas modernas de Nassau. Mas a meu ver, as armas que seriam mais corretas ali seriam as da República das Sete Províncias. O leão dourado de Nassau sobre campo vermelho, sustentando uma espada e flechas (estas últimas não aparecem na imagem, lapso meu, logo será corrigido).


Armas Coloniais de São Luís do Maranhão, minha versão.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Novas informações que me aparecem nos livros

Recentemente, comprei um exemplar de Princípios de Heráldica, da Vera Lúcia Bottrel Tostes. E estava folheando-o quando encontrei a seguinte imagem, referente a linhas. Ao lado das linhas ondulada, endentada, crenulada, denticulada e etc, aparece esta aqui, denominada linha em nó


Em todo esse tempo tendo a heráldica como hobby, não consigo me lembrar se vi uma linha destas em nenhumas armas. Será que essa informação está correta? Alguém tem mais informações sobre usos desta linha?

EDIT: O Leonardo Piccioni, grande Heraldista e Vexilólogo, editor do excelente blog Brasiliana Heráldica, me mandou mais informações sobre a peça. 

O nowed ou nouée aparece na heráldica britânica e francesa, como por exemplo nas armas da vila de Matignon, no noroeste francês, que são derivadas das da família Matignon.

Armas da Vila de Matignon: De ouro, duas faixas em nó de gules
acompanhadas de nove merletas do mesmo, postas 4,4 e 1.
Armas da Família Matignon, num selo de 1289:
De ouro, duas faixas em nó de gules, acompanhadas de
oito merletas do mesmo, em orla.

Outro fato interessante é que também se pode representar o nó por uma faixa com um círculo. Anteriormente, eu havia notado que alguns brasões de localidades francesas tiveram seu conteúdo de certa forma simplificada, pelo menos nos arquivos públicos da Wikimedia Commons.

Ficam aqui os meus agradecimentos ao Leonardo, que através do Heráldica Brasil tem ajudado a disseminar conhecimento Heráldico pela internet. E quem ainda não está por lá, siga o link acima e venha compartilhar suas dúvidas e conhecimentos com a gente!