sexta-feira, 23 de agosto de 2013

De Vert, semeado de Flores-de-Lis de Or.


Hoje, 23 de Agosto de 2013, completo 19 anos. Para hoje, acredito que não poderia ter outro post senão o das minhas próprias armas.

De Vert, semeado de Flores-de-Lis de Or. Timbre: Um Arminho saltante de Argent, com a ponta da cauda de Sable, coroado de Or. Pendente do Escudo, Banda dos Nobres Cavaleiros da Ordem Sagrada dos Soldados Companheiros de Jacques DeMolay. Na parte inferior, um listel com o lema "BONITAS AMOR HONOR".

Estarei sempre atualizando esta postagem quando fizer ou ganhar novos desenhos de amigos e conhecidos das Comunidades Heráldicas que frequento.

Estes são desenhos feitos por brilhantes heraldistas que temos espalhados por aí:

Brasão pessoal por Rolando de Yñigo. Notem a benevolência dele ao desenhar o arminho parado. Acredito que ficar sobre apenas duas patinhas e com a coroa na cabeça deve ser cansativo para o bicharoco.

Escudo e Bandeira por Ignacio Koblischek, para o RIAG.
O Miguel Ângelo Boto fez essa, dispondo minhas armas pessoais sobre um esquartelado de Farias e Lúcio. Estas não posso garantir veracidade, infelizmente.

Essas são do Francisco Cervantes, heraldista mexicano.





Alegoria de Selos Medievais. Essas foram feitas por um conhecido heraldista do ramo dos RPGs, chamado no meio de Romain de Saint Clair. Não sei seu nome real. 

Agora, alguns dos meus desenhos próprios. Não sou lá um Grande ilustrador heráldico, mas me orgulho de estar aprendendo.


Um Ex-Libris 

 Armas em um estilo similar ao Armorial de Gelre.

Brasão pessoal, com a minha banda da Cavalaria DeMolay.

Timbre: Arminho saltante de Argent, com a ponta da cauda de Sable, coroado como Rei de Armas.

Imitação do estilo das armas no "Archivo Nobiliarchico Brasileiro", dos Barões de Vasconcelos e Smith de Vasconcelos. (Clique aqui para Baixar o PDF, é um bom livro).

Combinação baseada no desenho que o Miguel Ângelo Boto me fez.

Esse foi um dos últimos que fiz, a partir do formato do escudo de Tomás Morus, que vi aqui.


domingo, 18 de agosto de 2013

Minha cidade natal, mas não nativa.

Não nasci na cidade onde vivo, mas sempre morei aqui, desde o segundo (ou terceiro, tenho que perguntar à minha mãe). Nasci em Caicó, no Rio Grande do Norte, uma cidade que, heraldicamente, tem uma representação mais decente. É minha cidade natal, mas não nativa.

O brasão é: "De Azure, um algodoeiro de sua cor, aberto de prata. Chefe de Gules carregado de três estrelas de Argent, postas em faixa. Contrachefe de Sinople, faixa ondulada de Argent. Encimado por coroa mural de prata, de cinco torres visíveis. Sobre a torre central uma medalha oval de Azure, com uma flor-de-lis de Argent. Na parte inferior, um listel vermelho, carregado de letras brancas, formando a palavra "CAICÓ", entre as datas 1748 e 1868."

A versão de referência estava em um documento que encontrei acidentalmente durante as férias de verão neste ano, quando passei um período em Caicó, ajudando numa gráfica. Foi feita para o convite de uma cerimônia oficial da Câmara Municipal, e não está de todo ruim. Só faltou mesmo definição na coroa, tanto que foi perdida uma torre no desenho.
(Cortesia Gráfica Seridó)

Como não havia muito a corrigir, as diferenças ficam por conta apenas das peças e cores usadas na criação. Mantive o mesmo algodoeiro, pela versão acima ser utilizada pela própria cidade, e não gerar um distanciamento tão grande em relação ao desenho atualmente usado.




sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Porque procurar Brasões de Família no Google é perda de tempo

Quando eu comecei a me interessar por heráldica, fui direto ao óbvio, saber se o meu sobrenome, Lúcio, tinha um brasão. Eu tinha só 14 anos e nenhuma experiência no setor, além das visitas à lojinha dos brasões durante as férias*. Comecei minha pesquisa no "confiabilíssimo" Google Imagens, onde encontrei isto:
(Escudo da Família Lúcio. Não a minha.)

Evidentemente, sem nenhuma ligação com a minha família. O que anos depois confirmei quando consegui uma cópia do Armorial Lusitano.

LÚCIO. Família Flamenga, que passou a Portugal por Adrião Lúcio, fidalgo, que pediu a D João III lhe mandasse registrar nos livros do reino as armas que trouxe do seu país, as quais eram: De azul, uma ribeira ondada de prata, posta em banda, carregada de um Lúcio de sua cor e ladeada de dois Leões de ouro armados de vermelho, afrontados e trepantes. Timbre: Um dos leões do escudo, com o peixe na garra direita.

Os anos passaram, e lá estava eu, dias atrás, seguindo costumeiramente a minha vida comum, quando me deparo com uma atualização no grupo familiar do Facebook. Uma das líderes do grupo posta exatamente o mesmíssimo brasão, aquele dos anos 1500. Minha reação foi esta:
(Peço desculpas pelo GIF, mas a minha reação foi exatamente essa.)

E sim, eu tentei defender a ideia óbvia. Mas ela não foi bem aceita, como eu já esperava. Inventaram até desculpa pra usar um brasão que não pertence à família, o que eu achei realmente vergonhoso. Usurpar um brasão de armas, quando não há nenhuma lei que proíbe a criação de um inteiramente novo, chega a ser ridículo. E tudo isso porque esta imagem aparece com o sobrenome da família no Google Images.

É necessário esclarecer que NÃO EXISTEM brasões de sobrenomes. O que existe é o BRASÃO DE FAMÍLIA, que passa de pais para filhos. Não é porque eu tenho o sobrenome de alguém que usava esse brasão que eu vou ter direito a usá-lo. Deixe-me ver aqui um exemplo.

Eu tenho dois conhecidos chamados Cláudio e Renata. Cláudio Cruz mora em Portugal, e Renata Cruz mora na mesma cidade que eu, no Brasil. Eles tem o mesmo sobrenome, mas qual é a possibilidade real de os dois terem algum parentesco? Nenhuma. Eles não se conhecem, e provavelmente nunca se conhecerão. Se eles não possuem nenhum parentesco, não tem sentido algum usarem o mesmo brasão. Da mesma forma, a minha família Lúcio e a família Lúcio do século XVI. Mas isso é algo que a maioria das pessoas não presta atenção.

E é assim que alguns "heraldistas" inescrupulosos lucram uma boa grana, "vendendo" brasões falsos como sendo reais. Sites como este usam a Heráldica para vender quinquilharias. A não ser que você ou sua família sejam, provadamente, os legítimos descendentes de quem usou aquelas armas, você estará apenas gastando seu dinheiro com uma mentira.

Algumas outras pessoas, "mais espertas", pulam a fase dos vendedores e vão direto se apossando de algo que nem se sabe se é dela, ou de sua família. Pegam o primeiro brasão que acham no Google e fazem dele um objeto de culto, acreditando-se nobres por aquilo. Esquecem-se que a nobreza está nas atitudes. O brasão só representa isso de uma forma artística. Pessoas assim não honram o brasão que tem, muito menos o do qual se apossaram indevidamente.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Catolé do Rocha e seu excesso de representação

Há algumas semanas, pouco antes de iniciar esse blog, estava trabalhando nas armas de algumas cidades do meu estado. Andando pela Wikipedia à busca de imagens, encontrei o brasão de Catolé do Rocha, uma cidade de 28 mil habitantes, a coisa de uns 40 minutos de onde moro.


O desenho não está de tudo incorreto. As pequenas inconsistências notam-se, no entanto, na reprodução. Infelizmente nem todos os Designers Gráficos entendem de Heráldica. Deviam-dar-se ao menos ao trabalho de pesquisar um pouco quando fossem criar uma marca baseada em uma peça heráldica.

O primeiro erro, e talvez o mais evidente de todos, são as linhas riscadas na parte colorida do brasão, bem como os pontinhos nas vieiras (para o leigo, as conchas). Isso se deve à forma de representar as armas em preto e branco. Armoriais eram livros enormes, riquíssimos em detalhes pintados a mão. Com o advento da prensa de tipos móveis de Gutenberg, os textos em preto e branco saíam com mais facilidade. Mas os desenhos ainda precisavam ser feitos a mão, e era um processo trabalhoso. Para facilitar o trabalho e economizar nos custos com tinta colorida, criaram-se vários sistemas de representação da cor através de traços e pontos. O mais famoso deles data de 1630, e foi criado por Silvester Petra Sancta e Marcus Vulson de la Colombière.


Nesse sistema, a cor vermelha (Gules) é representada por listras verticais. A cor amarela (Or) é representada por um pontilhado e a cor verde (Sinople) por listras diagonais, partindo de cima para baixo, desde a direita (dextra). Na hora de converter o desenho do brasão para a arte digital, o designer reproduziu também as linhas e os pontos. Desnecessário.

Outro pequeno erro, que passa em olhos desatentos é que a aspa vermelha não toca as bordas do escudo em cima. O correto seria tocar dos quatro lados, ou não tocar em nenhum ponto.


Por fim, a coroa mural. Nunca se deu a devida atenção às coroas murais no Brasil. Esse espírito de "qualquer uma serve" é vergonhoso, para um verdadeiro admirador da heráldica. A coroa mural que há nesse brasão é de uma cor como cinza acastanhado, com 4 torres visíveis, e três delas abertas. A coroa mural que representa dignidade de cidade é de prata, com cinco torres visíveis, e todas elas fechadas (de fundo negro nas aberturas).

Feitas as alterações indicadas, a minha versão ficou assim: