sábado, 23 de abril de 2016

O Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, 2.

O Assunto Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil não estaria completo se eu não trouxesse de alguma forma a fonte das armas. Prometi no primeiro post deste tema, e trago, da melhor forma que me foi possível, a matéria sobre o Colégio, que aparece na Revista Mundo Ilustrado, Edição de Janeiro de 1955. Cliquem na imagem para ver em máxima resolução.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A Coroa de Santo Estêvão

Nenhuma grande história hoje. Só compartilhando minha última composição. Hoje em estilo Wikipediesco. Notei que há duas coroas heráldicas para a Hungria na Wikipédia. A primeira segue o estilo governamental, sisuda e sem brilho, enriquecimento visual nem nada do gênero. A segunda é a que timbra as armas dos reis húngaros da dinastia de Habsburgo e Sacros Imperadores, desenhada em Parceria entre Adelbrecht e Heralder, dois grandes desenhistas heráldicos da Wikimedia Commons. Ela é belíssima e rica em ouro e pedrarias, à moda das coroas continentais. Mas falta-lhe o esplendor da coroa bizantina, com suas gemas coloridas e detalhes riquíssimos.


Resolvi, por diversão, dar um pouco de vida ao trabalho destes grandes mestres. Acompanhado pela imagem da coroa original e com algum tempo sobrando, cheguei a uma versão mais colorida. Veja abaixo a comparação.


Eu adorei o resultado das modificações, e estava ansioso para testar esta coroa, com as armas do Reino da Hungria de 1920. Esses belíssimos suportes são do Katepanomegas, também da Wikimedia Commons.



Mas e seu, John, não tem nada?

Bom, eu fiz a cruz, os montes e as faixas. Quando se está preso a um estilo, acaba se tornando meio difícil achar material compatível. E com a minha habilidade de desenhar flutuando entre inexistente e ínfima, acabei optando pelo bem da composição e segui com o que já havia sido feito.

Junto dessa publicação, coloquei uma imagem de baixa resolução da Coroa no Wikimedia Commons. Vamos ver se alguém se ocupa a usar a composição.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

90 Anos de Elizabeth II

21 de abril é o aniversário da Rainha Elizabeth II do Reino Unido (e da Austrália, do Canadá, da Nova Zelândia, da Jamaica, etc.). Sua majestade chega aos 90 anos em 2016 como a mais respeitada monarca do planeta, com sua sucessão garantida até a terceira geração (Com George, William e o outro George), e um índice de aprovação pública nas alturas. Muitos parabéns à ela.

Armas de Elizabeth II, como soberana do Reino Unido (na Inglaterra). Encyclopaedia Britannica.


Esses dias, no Reddit r/heraldry, estava acontecendo um concurso para oferecer um novo brasão de presente para Sua Majestade, como chefe da Commonwealth of Nations. Minha proposta foi esta:

De vermelho, um sol em seu esplendor, de ouro. Por timbre, o sol das armas, coroado com a Coroa Real de Santo Eduardo. Suportes: Um leão de ouro e um unicórnio de prata, coleirado de ouro. Na base o lema: Where the sun never sets.

Essas armas, que ficaram em terceiro lugar no concurso, representam a rainha como o sol que guia e lidera a Commonwealth, esta que por si só é uma remanescente do grande Império Colonial Britânico, "Terra onde o sol nunca se põe."

terça-feira, 19 de abril de 2016

Sobre bastardos

Esses dias eu vi em um grupo de Heráldica no Facebook uma discussão sobre abatimentos por bastardia.

Em algumas casas reais, como a francesa e a portuguesa, os bastardos recebiam uma diferenciação em suas armas que indicasse a condição de ilegítimo. Na Inglaterra, há o "Bar Sinister", uma ou cotica do cantão inferior da destra ao superior da sinistra (uma contra-banda), mas que não toca a borda do escudo.

Charles Lennox, Duque de Richmond, bastardo de Charles II do Reino Unido.


No caso específico de Portugal, era um filete de negro, em contra-banda.




Noutras casas, como a de Castela e Leão, os escudos eram geralmente modificações das armas reais, mas com organização diversa da original, e não havia um "abatimento" em si. Um bom exemplo é o brasão de Fadrique, filho de Afonso XI de Castela e Leão, e de sua amante preferida, Leonor Sanchéz de Guzmán. Ele usa as armas de Castela e Leão, mas num terciado em mantel, com Castela nas duas primeiras divisões e Leão na ponta.


Mas voltando à nossa discussão, ou melhor dizendo, à discussão que eu li. Escreve o primeiro interlocutor, comentando um escudo com diferenciação.

"Mas neste escudo não aparecem as armas próprias do reino, e sim uma diferenciação por bastardia, o que é uma mácula nas armas."


Em seguida, o outro o responde.

"Se eu tivesse algumas armas reais, eu obviamente as usaria, não importando se possuem ou não diferença de bastardia."
 Essa conversa me deixou interessado em saber da opinião dos outros sobre isso. Então para hoje temos uma enquete. Quero a opinião de vocês sobre a seguinte pergunta:

Se você fosse intitulado a uma versão de armas nacionais abatidas por "bastardia", as usaria?

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Livro de Heráldica Grátis

Não, não é nenhuma propaganda enganosa ou chamariz para "lojinha de brasões". Enquanto pesquisava a internet em busca de novos livros de heráldica brasileira, encontrei uma versão digital do "Princípios de Heráldica", obra da diretora do Museu Histórico Nacional, Vera Lúcia Bottrel Tostes.


Princípios de Heráldica é uma interessante cartilha para os inciantes, mas peca por erros crassos, como por exemplo na nomenclatura das cruzes e em insistir chamar sautor de SANTOR.

Armas de Catolé do Rocha. De prata, três palas de verde. Sobre o todo, um SAUTOR de vermelho carregado de 5 vieiras de ouro.
Para além dos erros básicos, há ainda comentários, mesmo neste blog, que informam que a autora retém, fora do alcance público, documentos importantes do Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, assunto que já tocamos aqui. Pessoalmente, não tenho muito o que dizer sobre este assunto, já que não a conheço. No entanto, como diria a meu pai, a cavalo dado não se olha os dentes, e considerando a escassez de livros brasileiros sobre o tema, vale muito compartilhar!
Clique aqui para acessar.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Gentilezas Heráldicas, 6.

E vamos mais uma vez com a minha seção preferida do blog!

Quando os amigos e leitores deste heraldista e blogueiro estão dispostos, surgem novos desenhos das minhas armas pessoais! Dessa vez, vieram presentes em formato digital em dobro!

Primeiro, do Raphael Lisboa, do Estúdio Heraldesign, que segue um estilo de desenho bem similar aos famosos Heralder e Sodacan, do Wikimedia Commons, com bastante textura e sombra em vetor! Gostei especialmente do arminho, que em vez de saltante aparece meio que nascente. Diria que ele está finalmente tendo um descanso.

O outro desenho é mais simplório, mas nem por isso fico menos grato. Segundo o criador, meu conhecido da Academia Intermicronacional de Heráldica e Vexilologia, que pediu anonimato (Cara, se você acha que tá feio, dá uma olhada nos primeiros posts aqui!) é uma modificação em Photoshop por cima de um brasão de armas que ele encontrou num armorial antigo.


Só tenho mesmo que agradecer a todos por estarem aproveitando o blog, as discussões, os artigos. Apesar de um ou outro do contra estarem por aí, cerceando o conhecimento, não são e nem nunca serão a maioria. Dá gosto de ver a comunidade heráldica bem ativa no Brasil, crescendo forte!

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil

Quanto mais me aprofundo em Heráldica, mais me apaixono por esta ciência. No último dia 1, enquanto eu fingia ter mudado para umas armas novas, chegou para mim um volume da Revista Mundo Ilustrado, edição do fim de Janeiro de 1955 (61 anos, portanto). Esse volume traz em sua página central um artigo de duas páginas sobre o Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, seus membros e um texto sobre a monarquia brasileira. Infelizmente o meu scanner é pequeno para uma cópia em qualidade satisfatória da página. No futuro, posso disponibilizar ao menos o texto integral desta publicação. Por ora, uma foto da publicação deve matar a curiosidade dos leitores.

Não tenho muitas informações sobre o tal Colégio, mas até onde eu pude apurar, foi fundado a 6 de novembro de 1951, na então capital federal, o Rio de Janeiro. Num Anuário de membros postado no ano de 1954, contava com membros na França, Luxemburgo, Espanha, Suécia, Portugal, entre outros. O escritor, genealogista e heraldista Salvador de Moya era membro correspondente da academia em São Paulo, na época deste anuário.

Seu presidente era Gustavo Barroso, um grande heraldista citado em bastantes matérias sobre heráldica e genealogia ainda hoje, e tinha como membro, além de Salvador de Moya, outro grande heraldista, também já falecido, Rui Vieira da Cunha. Este último conta com grandessíssimas obras sobre a nobreza imperial, incluindo heráldica, que no futuro com certeza quero ter em minha coleção.

As armas do Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil aparecem no topo da primeira imagem deste artigo. Não é uma impressão em cores, nem há o sistema de traços, e muito menos há um brasonamento que informe,então acabei usando do bom e velho instinto para chegar a cores para as armas. No fim, fiquei com:
De prata, uma cruz da Ordem de Cristo, com uma bordadura de azul carregada de dezenove estrelas de prata. Como timbre, uma esfera armilar. Como suportes dois bastões  rematados por duas esferas armilares de ouro, unidos por um laço de vermelho. Todo o conjunto assente num manto de vermelho, este timbrado de uma coroa antiga.
As armas do Colégio de Armas e Consulta Heráldica do Brasil.


sábado, 2 de abril de 2016

Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica

Esses dias encontrei o Grupo de Facebook do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica. Nos dois anos que morei em João Pessoa, visitei o prédio do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba em busca de alguma notícia do instituto, porém sem muito sucesso infelizmente.
Armas do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba.
O Atual Presidente do Instituto, o sr. Teldson Douetts Sarmento, parece ter iniciado em sua gestão uma tentativa de modernização deste, abraçando o século XXI e seu ícone maior até o momento, a era da informação. Espero grandes coisas deste e de todos os órgãos que passem a compartilhar conteúdo e conhecimento heráldico na Internet.

Visitando o grupo (que é público), encontrei este desenho das armas do IPGH.


Acompanha o seguinte brasão:
BRASÃO DE ARMAS DO I.P.G.H.
Escudo: de azul, seis pães de açúcar de ouro, dispostos em roquete. Chefe de ouro gotejado de vermelho.
Lema: "Fontes colamus nostros" letras de ouro sobre listel de azul.

Os seis pães de açúcar de ouro em campo de azul são os primeiros símbolos heráldicos da Paraíba, brazonado pelos holandeses. Neste escudo, representam com mais profundidade a sua origem e historia, sob o aspecto heráldico. É a alusão aos estudos heráldicos como objetivo do Instituto.
O chefe de ouro gotejado de vermelho, retrata do sangue de raças e famílias que formavam a Paraíba, muitas vezes a custa de sacrifícios e lutas. É a Genealogia na sua representação mais nobre.
O lema "Fontes colamus nostros" ou " Cultivemos nossas origens", é o apelo aos distintos propósitos da Entidade.

O Chefe, um dos conceitos mais básicos em heráldica, "ocupa a terça parte do escudo, acompanhando horizontalmente o traço superior", como cita Luiz Marques Poliano em seu "Heráldica". Este desenho está em teoria incorreto, na medida em que o Chefe ocupa mais que a terça parte do escudo, quase a metade.

Mas como nem só de corrigir vive a Heráldica, que não é só ciência mas também é arte, fica aqui também o meu desenho, onde tentei o meu melhor para reproduzir um brasão no estilo do ilustre Paulo Lachenmeyer, artista e heraldista responsável por tantos brasões do nordeste brasileiro.


Para os que não leram...

O post anterior era só uma brincadeira de Primeiro de Abril. Minhas armas não vão mudar. Seguem sendo Verde e Ouro, assim como as Armas Imperiais do Brasil.

Armas do Império do Brasil por Jenny Dreyfus.

Bom fim de semana para vocês.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Adoção de novas armas

Após quase três anos de blog, 60 posts contando este, oito mil visitas conseguidas (Obrigado!), passei a ouvir muitas pessoas dizendo que as minhas armas são muito parecidas com as armas antigas do Reino da França e que eu deveria considerar uma mudança. Era algo que na verdade eu vinha pensando há algum tempo. Esses dias até mesmo fiz um estudo com todos os brasões que já tive atribuídos a minha pessoa.

Tem esse, que ganhei no DeviantArt, de um projeto que mistura Heráldica, Política e exploração espacial, chamado The Aquilaan Empire.
Brasão de Armas de Iohannes ven Impera, Primeiro Cavaleiro de Kiork, Passavante do Império Aquilaan

Este outro, exibo junto com uma amiga, ficcionalmente como marido e esposa n'Os Reinos da Renascença, um RPG no qual estou há alguns anos. Apenas ficcionalmente, não temos nenhum relacionamento.

Armas de Raphael de Viana e Lencastre Lobo e sua senhora, Sissi Edelweiss Ferreira de Queirós e Viana.
O terceiro vem do Micronacionalismo, hábito que uma parte dos meus leitores sabem que eu cultivo. Estas armas são quase tão antigas quanto as minhas.
Armas de Johannes van Laurentia, Barão de Laurentia, Rei de Armas das Províncias Unidas e Embaixador no Reino da Rutênia.
O caso é que após tanto ouvir falar "Suas armas são parecidas demais com as da França, você deveria considerar uma mudança.", eu decidi modificá-las, e postar aqui era o mínimo que eu devia fazer.

Minhas armas pessoais, de agora em diante, seguem o seguinte brasão:

De prata, onze flores-de-lis de púrpura, dispostas 3,2,3,2,1. Sobre o ponto de honra, escudete de vermelho, com um leão de prata, acompanhado de cinco flores-de-lis do mesmo, três em chefe e uma em cada flanco. Timbre, um Leão de púrpura, sainte de um coronel de Rei de Armas Ibérico.
Agora, uma descrição básica.

PRATA: O prata representa naturalmente a pureza e a claridade. Li numa das inúmeras tentativas de atribuir significado às cores heráldicas, cuja fonte me falha a memória, que considera-se o Argent a cor do cavalheirismo, por esta representar o dever do cavaleiro medieval de defender as donzelas.

ONZE FLORES DE LIS DE PÚRPURA: Onze não tem nada de cabalístico nem nada. Eu só escolhi onze porque elas ocupam bem o espaço do escudo, e são mais fáceis de posicionar do que um semeado. Facilitará em futuras reproduções.

ESCUDETE: O escudete é uma composição que trago das armas das minhas duas famílias. O campo vermelho com a figura principal cercada de 5 Flores-de-Lis de prata vem do escudo da minha família paterna, os Farias. O Leão vem do timbre da minha Família Materna, os Lúcios.
Armas dos Farias

Armas dos Lúcios
Por fim, com a composição completamente explicada, um desenho para ilustrá-la.

Espero que tenham gostado das novas armas. E com este desenho, eu encerro a PUBLICAÇÃO ESPECIAL DE PRIMEIRO DE ABRIL desse modesto blog. Na verdade, apesar de eu ter gostado bastante da composição, não tem a mínima possibilidade de eu mudar as minhas armas. Se alguém da Casa Real Francesa vier me pedir pra trocar, leva um educadíssimo NÃO e uma porta na cara. Bom primeiro de abril para todos!